Na manhã do dia 10 de julho de 2017 faleceu em São Paulo uma das maiores escritoras da literatura contemporânea, Elvira Vigna, aos 69 anos. Reconhecida e premiada, é autora de romances, contos, ensaios, livros infantis, além de jornalista, tradutora, artista plástica e roteirista de cinema.
Estreou aos 41 anos, com o belíssimo e oportuno Sete anos e um dia, de 1988, ambientado na época da abertura política. Uma obra-prima como narrativa e preciosidade contextual. Seu último livro, Como se estivéssemos em palimpsesto de putas, Prêmio APCA 2016 de Melhor Romance, é outro exemplo de vigor na estrutura formal descritiva.
Em 2012, quando foi diagnosticada com câncer de mama, recolheu-se e dedicou-se a escrever enquanto se tratava, publicando sete livros no Brasil e exterior. Soube-se depois que ela preferiu manter em segredo sua luta contra a doença, por receio que não fosse mais convidada para eventos literários.
Seu legado é um testemunho, um relato do homem e seus conflitos e esperanças, inserido em interrogações do mundo moderno, da vida social e política. E soube muito bem descrever essas inquietações, como modestamente abre o primeiro parágrafo do seu último livro:
"Faço hora, o que pode ser dito de muitos outros momentos da minha vida.
Mas nessa hora que faço, vou contar uma história que não sei bem como é. Não vivi, não vi. Mal ouvi. Mas acho que foi assim mesmo.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário