quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

um gladiador no cerrado

foto Henry Ballot / Arquivo Público do DF
O cidadão na foto acima, entre serpentinas e confetes, é Issur Danielovitch Demsky, mais conhecido como Kirk Douglas. O cenário: salão do então majestoso Hotel Nacional de Brasília. A data: 23 de fevereiro de 1963, um sábado de carnaval.
Naquele ano, acompanhado da sua segunda mulher, Anne Boydens, o ator estava na cidade do Rio de Janeiro, convidado para o carnaval. Mas deu uma esticadinha para conhecer a nova capital país, presidido por João Goulart. Brasília era um enorme canteiro de obras, muitos esqueletos de edifícios, uma vastidão sem fim de esperança.
Os candangos se animavam como podiam naqueles quatro dias de samba, suor e poeira vermelha. O pessoal que pegava no pesado e os moradores das asas Sul e Norte, iam para frente da Estação Rodoviária, onde aconteciam os desfiles das escolas de samba, a principal delas chamava-se no porta-estandarte Alvorada em Ritmos.
Kirk Douglas lançara recentemente Spartacus, de Stanley Kubrick, e vivia o sucesso do escravo que se rebelou e liderou a revolta contra o império romano.
Em Brasília não chegou a assistir aos desfiles. No vigor dos seus 53 anos e pique de gladiador, no dia seguinte ao baile no hotel, deu um passeio pela cidade, andou de lancha, pescou no artificial Lago Paranoá e se mandou de volta pra folia na capital carioca.
Kirk Douglas, um ator que se mescla com a história do cinema, faleceu nesse final do dia 5 de fevereiro, aos 103 anos, mais de 90 filmes e dezenas de personagens marcantes que continuarão desfilando em nossa memória.

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