Numa tarde de 1975, o ainda hoje desconhecido compositor Nuno Veloso pegou o casal amigo Cartola e Dona Zica para um passeio na Barra da Tijuca e depois fazer uma visita ao violonista Baden Powell. Não o encontraram. Na volta, Nuno passou numa floricultura para comprar umas mudinhas de roseira que prometera para Dona Zica.
Dias depois, numa manhã ensolarada, ao abrir a porta e ir ao jardim como sempre fazia, Dona Zica espantou-se com tantos belos botões desabrochados.
- Cartola, venha aqui! Venha ver o jardim! Por que é que nasceu tanta rosa? – gritou ao marido.
O compositor caminhou naquele passo cadenciado, ajeitou os óculos ray-ban escuros, olhou serenamente deslumbrado e respondeu:
- Ah, não sei, Zica. As rosas não falam!
A poética explicação foi a inspiração para o compositor criar uma das mais belas obras do cancioneiro brasileiro. A simplicidade da narrativa do samba-canção tem um impacto emotivo justamente pela singeleza, pelo afago no coração de quem ouve.
Próximo de completar 67 anos de idade, Cartola concluiu a música e, dizem os pesquisadores, se presenteou. Gravou em 1976, no LP Cartola II, produzido pelo escritor e jornalista cearense Juarez Barroso, como bem informa a escritora Natercia Rocha em seu primoroso livro “Juarez Barroso – O Poeta da Crônica-Canção”, lançado em 2018.
Sobre a composição, na verdade, aquele buquê de pérolas quem ganhou mesmo foi sua amada Dona Zica, pois é dela que vem o perfume que as rosas exalam.
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- do meu livro ©"Crônicas do Olhar"
lançamento previsto para o segundo semestre deste ano
lançamento previsto para o segundo semestre deste ano
Editora Radiadora
Coordenação editorial: Alan Mendonça
Capa e projeto gráfico: Enzo Venancio
Apresentação: Luiz Carlos Lacerda
Coordenação editorial: Alan Mendonça
Capa e projeto gráfico: Enzo Venancio
Apresentação: Luiz Carlos Lacerda
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