sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Casa-Grande & Senzala

Lá pelo final dos anos 60 e começo dos 70, quando o "rei" Roberto Carlos, vindo do pequeno Cachoeiro, com seu ar de moço bom, dizia pras namoradas mil que "te darei o céu, meu bem, e o meu amor também", o goiano de Morrinhos Odair José se apaixonava perdidamente por uma empregada doméstica.
Odair genuinamente ia na contramão dos bons costumes desse bailinho, em plena ditadura militar, que implacavelmente censurou suas letras, vistas como um acinte à tradição, família e propriedade.

Robertão e sua corte continuavam dentro dos conformes, dava um beijo splish splash no cinema, levava as meninas para passear no calhambeque, e deixava a garota papo firme ao portão da casa-grande...
Odair, do outro lado do bairro, dizia para sua garota envergonhada, “eu já sei que essa casa onde você diz morar / onde todo dia no portão eu venho lhe esperar / não é a sua casa. / Eu já sei que o seu quarto fica lá no fundo / e se você pudesse fugir desse mundo e nunca mais voltar...”
Deixe esse essa vergonha de lado, acalentava. Vamos pra Disney!

Nenhum comentário: