"Os interesses do Estado e das artes raramente coincidem"
Fala do filme Francofonia (foto), de Alexander Sukorov, 2015, um exemplar de considerações sobre arte e poder em uma fluente narrativa de documentário e ficção.
Os temas que se entrelaçam nas relações humanas e artísticas, da política e da história, da bestialidade das guerras e da eternidade da arte, têm o Museu de Louvre como guarda e detentor simbólico da civilização.
Uma oportuna reflexão para hoje quando se comemora o Dia do Museólogo.
Em setembro do ano passado um incêndio destruiu o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, Rio de Janeiro. Fundado por Dom João VI no começo do século 19, os três andares abrigavam 200 anos de história. Documentos da época do Império, fósseis, coleções de minerais, artefatos greco-romanos e a maior coleção egípcia da América Latina viraram cinzas. A memória da geologia, botânica, zoologia e arqueologia. É o retrato do descaso do Brasil atual, com o poder usurpado por tosca alma sebosa, a educação sob a (con)gestão delirante de analfabeto funcional, a cultura entregue a vingativo dramaturgo com sérios distúrbios digestivos-cerebrais.
Exterminadores do futuro, ou parafraseando Millor Fernandes, temos um grande passado incendiado pela frente.
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