A importância da Massafeira Livre se situa na virada de uma década pulsante, 1979-1980, com o país ainda em convulsão político-social, com a entrada do último presidente do período da ditadura militar, João Figueiredo, e o tremular vindouro das bandeiras da abertura política, da anistia, das diretas-já.
Em Fortaleza, eventos sintomáticos registravam um movimento de inquietação, resistência e esperança. O Grupo Siriará de Literatura lançava seu manifesto, reunindo 24 escritores de várias gerações, o Grupo de Teatro GRITA colocava e denunciava nos palcos as vísceras das mazelas que o povo brasileiro vivia naqueles tempos sombrios, e outras vertentes artísticas ocupavam os espaços com suas inovações, propostas e estética de beleza e luta.
A Massafeira, como evento musical idealizado pelo cantor e compositor Ednardo, o jornalista, compositor e publicitário Augusto Pontes (1935-2009), o poeta, artista plástico e arquiteto Antonio Soares Brandão, agregou todos esses gêneros da cena artística cearense naquele momento, a fotografia, as artes plásticas, o cinema, a dança, a literatura, artesanato, durante quatro dias no principal teatro da capital, o José de Alencar. "Som, Imagem, Movimento, Gente", como estampava o cartaz, com seu carneiro ruminante, criado por Brandão.
O fôlego de vários artistas, com seus trabalhos, com suas vozes e emoções, cristalizou-se naqueles dias 15 a 18 das águas de março, numa grande festa de interação. Imprimiu um painel variado e amplo de uma nova geração da cultura cearense.
Não à toa, a Massafeira é Livre. E a alegria, por essência, é revolucionária.
Massafeira Livre 40 Anos
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