domingo, 2 de setembro de 2018

o nosso estrangeiro

O antropólogo e etnólogo Claude Lévi-Strauss, aquele que "detestou a Baía de Guanabara: pareceu-lhe uma boca banguela", segundo lembrava Caetano Veloso na música O estrangeiro, no disco homônimo de 1989, afora essa observação, foi um grande pesquisador e entusiasta da história brasileira.
A citação do compositor baiano teve inspiração no livro Tristes trópicos, clássico do intelectual francês, lançado em 1955, um ensaio etnográfico romanceado, onde estão as bases do estruturalismo e da antropologia moderna.

A obra de 500 páginas é um tratado sobre o processo civilizatório, um extraordinário relato com sinceras reflexões sobre a viagem que fizera ao Brasil nos anos 1930. Lévi-Strauss conviveu com os índios bororo, nambiquaras e cadiuéus nas matas amazônicas, observando os mitos e rituais, o que lhe deu a certeza de que não se tratavam de selvagens, e sim donos de uma lógica complexa e sofisticadas estruturas sociais, fazendo uma análise comparativa das religiões do velho e do novo mundo.
Com mais de 30 livros publicados, o antropólogo voltou ao Brasil no começo dos anos 80. Gostava do nosso carnaval, tinha especial predileção pela marchinha Mamãe eu quero, de Jararaca, gravada por Carmen Miranda.
No período em que viveu aqui, Lévi-Strauss fotografou muito o dia a dia da nossa realidade, os costumes, as cidades e seu povo. Revelou-se nossa enorme gratidão.

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