O 51º Festival de Brasileiro do Cinema Brasileiro viveu ontem, em seu primeiro dia de mostra competitiva, uma noite marcante com a exibição do longa-metragem Torre das donzelas, de Susanna Lira, sobre a ala feminina do Presídio Tiradentes, em São Paulo, onde estiveram presas militantes que lutaram contra a ditadura militar nos anos 60 e 70.
O documentário traz relatos inéditos, surpreendentes e comoventes de todas encarceradas, entre elas a ex-presidente Dilma Rousseff, aos 23 anos. Com a demolição do Presídio para as construções do Metrô de São Paulo em 1972, o filme remonta, a partir de fragmentos de lembranças de cada uma delas, uma instalação semelhante ao espaço onde estiveram presas, chamado como diz o título do documentário. Nesse cenário se reencontram 45 anos depois para romper com o silêncio e o medo de relatar os horrores de viver sob uma ditadura.
A apresentação do documentário no palco do Cine Brasília, com a equipe e as hoje senhoras que estiveram na “torre”, ficará na história do Festival, pelo forte clima de emoção, o encontro de um passado que não queremos mais diante um presente que nos assusta e um futuro que nos ameaça. Os aplausos de uma sala lotada se repetiram em vários momentos durante a sessão.
Há desejos que nem a prisão e nem a tortura inibem: liberdade e justiça. Há razões que nos mantém íntegros mesmo em situações extremas de dor e humilhação.
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