quinta-feira, 28 de junho de 2018

somewhere over the rainbow

No começo da madrugada de 28 de junho de 1969, oito policiais, alguns deles à paisana, entraram no bar The Stonewall Inn, em Nova Iorque, e aos gritos anunciaram que estavam tomando o lugar, ocupando o território, com a violência característica da arbitrariedade e preconceito. Predominante gay, o local era constantemente alvo de batidas policiais.
O ataque daquela noite, porém, teve repercussão inesperada e histórica. Motins reverberaram seguidamente entre os frequentadores, como reação às represálias, à discriminação e cerceamento da liberdade.
Os protestos desencadeados culminaram com a marcha ocorrida no dia 1º de julho de 1970. O evento tornou-se precursor das atuais Paradas do Orgulho Gay.
Renato Russo lançou em 1994 o seu primeiro disco solo, intitulado The Stonewall Celebration Concert, em comemoração aos 25 anos dos motins. Com 21 belíssimas canções em inglês, de clássicos de Irvin Berlin e Leonard Berstein ao pop-folk da alemã-britânica Tanita Tikaram, passando por Bob Dylan, Madonna e Billy Joe, o disco é precioso pelo repertório e pontuação ao histórico acontecimento.
É lamentável que essa onda conservadora, direitista, fascista, que circula e avança no Brasil e no mundo em pleno século 21, seja preocupantemente proporcional a tantos direitos adquiridos, pela liberdade, pela paz, pelas diversidades, por todas as escolhas que se conquistou ao longo de décadas.
Do massacre na boate Pulse, em Miami, em junho de 2016, ao espancamento até a morte da travesti Dandara dos Santos, em Fortaleza, ano passado, é terrivelmente assustador, só revela um retrocesso inimaginável em um mundo em que a tecnologia e a ciência evoluem diametralmente opostas ao desmoronamento dos princípios, dos valores, em direção à barbárie.
Lembrando Eduardo Galeano, continuemos andando, lutando, para isso significam as utopias, para que não fiquemos parados. A meta é caminhar em direção além do arco-íris.

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