Rachel de Queiroz tinha 19 anos, em 1929, quando contraiu uma séria congestão pulmonar, quase tuberculose. O médico recomendou repouso absoluto. Sob medicação, à noite e às escondidas, começa a escrever O Quinze, publicado no ano seguinte.
A trama do romance, com densidade no fluxo linear de dois planos narrativos – as agruras do vaqueiro Chico Bento e sua família e a relação afetiva do rude fazendeiro Vicente com sua prima Conceição – não é fruto de delírio febril da moça adoentada. Rachel inspirou-se na grande seca que presenciou no sertão cearense em 1915 e fez a família mudar-se para o Rio de Janeiro. O êxodo de vidas secas noutro viés.
A obra da estreante inaugura ao lado de A Bagaceira, do paraibano José Américo de Almeida, de 1928, o chamado Ciclo do Nordeste que renovou a literatura brasileira, onde as questões sociais, a realidade do retrato rural, o exame psicológico dos personagens, são elementos de um neorrealismo de introspecção e liberdade linguística, semelhantes ao do realismo urbano antecedido por Machado de Assis.
Hoje, 114 anos de seu nascimento.
Na foto de autor desconhecido, Rachel aos 20 anos, publicada na revista A Noite Illustrada, Rio de Janeiro, edição de 4/02/1931. Arquivo Nirez
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