Em 2017 o ator e cineasta Selton Mello lançou O filme da minha vida, baseado no livro Um pai de cinema, do escritor chileno Antonio Skármeta. Ambientado no começo dos anos 60, numa pequena cidade da serra gaúcha, a história se desenvolve em ritmo de metalinguagem ao discorrer a ação do personagem central, um jovem fascinado por poesia e cinema, que convive com a ausência do pai, um projecionista de filmes que foi embora sem avisar a família.
Não foi a sua primeira experiência no cinema. Com o golpe militar de Pinochet, Skármeta saiu para a Argentina com o cineasta Raúl Ruiz e de lá para a Alemanha, onde passou a dar aulas de roteiro na Academia Alemã de Cinema.
Um produtor o convidou para criar alguma história sobre Pablo Neruda e Chile. Escreveu e ele mesmo dirigiu Ardente paciência. E fez o caminho inverso, transformou o roteiro em um romance. "Na literatura a narrativa é mais luminosa entre as opacidades e turbulências”, considera, distingue e desiste do cinema: “Ser roteirista me parece extremamente desgastante. Essa combinação criação e indústria sufoca. Uma adaptação da minha própria obra, prefiro mil vezes que outra pessoa a faça”.
E assim foi feito. O romance, que fora originalmente filme, foi adaptado para o cinema em 1994 com direção de Michael Radford com o título il postimo, no Brasil, O carteiro e o poeta.
Como a ponta de uma estrela que ilumina em todos os lugares, Skármeta brilha no filme de Selton Mello.
Já alguns anos acometido por Alzheimer, ele partiu na manhã de hoje, terça-feira, aos 83 anos.
Acima, trecho do making of de O filme de minha vida. O escritor fala do desejo que sempre teve de ver seu livro adaptado e filmado no Brasil.
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