sábado, 15 de junho de 2019

o designer da contracultura

As capas dos discos na década de 70, Fa-Tal - Gal a Todo Vapor, Barra 69: Caetano e Gil ao Vivo na Bahia, Jards Macalé, Araçá Azul, de Caetano Veloso, Álibi, de Maria Bethania, nos anos 80 Cores, Nomes, Uns...
Os cenários dos shows Luiz Gonzaga Volta pra Curtir, 1972, e um ano antes da histórica apresentação de Gal Costa no show Fa-Tal...
A capa e ilustrações da revista Navilouca, que Torquato Neto e Waly Salomão editaram em 1974...
A direção de arte dos filmes O Gigante da América de Julio Bressane, 1978, e O Escorpião Escarlate de Ivan Cardoso, 1980...
Essas são apenas algumas das centenas de obras criadas pelo designer, cenógrafo, pintor e poeta manauara Óscar Ramos, falecido quinta-feira, dia 13, aos 80 anos, numa semana triste para a cultura brasileira, quando partiram também o produtor musical André Midani e o jornalista Clóvis Rossi, como se não bastassem para o nosso pesar e indignação as necessárias revelações publicadas no site The Intercept Brasil.
Óscar Ramos morava em Manaus desde 1996, quando voltou depois de décadas no Rio de Janeiro, onde trabalhou em parceria com outro gênio das artes plásticas, o cearense Luciano Figueiredo. Muito das obras acima citadas são assinadas pelos dois, criando uma marca de tipologia do trabalho gráfico, uma mesclagem entre poesia visual e música popular, principalmente por condensarem uma espécie de diagramação filosófica do Concretismo e do Tropicalismo.
Ramos, Figueiredo, Hélio Oiticica, Rogério Duarte, Lygia Clark são os mais expressivos nomes do movimento da contracultura, no que se refere aos projetos gráficos que exploram os contrastes de cores e transparências e suas trepidações simbólicas.
Numa época em que capas de discos eram uma extensão conceitual dos álbuns, e não meramente decorativas e mercadológicas, as criações de Óscar Ramos e Luciano Figueiredo, assim como as de Elifas Andreato, têm na história da música brasileira a mesma grandiosidade das canções que tornaram clássicos os long-plays.

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