terça-feira, 18 de junho de 2019

de olhos bem abertos

"Cada coisa chegará no tempo próprio, não é por muito ter madrugado que se há de morrer mais cedo."
- José Saramago, em um trecho de Ensaio sobre a cegueira, possivelmente o livro do escritor português que melhor simboliza a imagem de um mundo imundo e bárbaro.
Saramago dizia que foi uma das experiências mais dolorosas de sua vida o tempo que levou para as 300 páginas, e espera “que o leitor sofra tanto como eu sofri ao escrevê-lo.”
Esse desejo do autor é uma consequência inevitável que a narrativa provoca, pelo incômodo e reflexão, a abstinência moral humana, a urgência de resgatar o afeto diante do caos e escuridão.
Lançado em 1995, adaptado para o cinema em 2008, por Fernando Meirelles, Ensaio sobre a cegueira é a atualíssima imagem aterradora destes tempos sombrios.
Nove anos hoje que Saramago madrugou pela última vez.

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