sexta-feira, 2 de novembro de 2018

a verdade resiste

Na manhã do Dia de Finados de 1975, em uma tranquila praia italiana em Ostia, arredores de Roma, uma senhora se chocou com o aparecimento do corpo, desfigurado, de um dos maiores cineastas e poetas que o mundo já viu: Pier Paolo Pasolini. Tão controversa quanto sua vida, sua morte tem até hoje mistérios difíceis de decifrar.
Com base em conversas com seus discípulos, tais como Bernardo Bertolucci e Alberto Moravia, o pouco conhecido documentário Quem fala a verdade deve morrer (Wie de waarheid zegt moet dood), de Philo Bregstein, produção holandesa de 1981, tenta descobrir a verdade por trás do terrível assassinato do cineasta.
Em uma narrativa investigativa, o filme analisa as teorias em torno do crime. Segundo a versão oficial, o cineasta, comunista declarado e homossexual assumido, teria sido torturado e atropelado por um garoto de programa.
Há quem acredite que se tratou de uma conspiração do governo italiano. Desde os anos 60 o país vivia tempos de chumbo, caracterizado por crises econômicas, conflitos sociais, massacres terroristas realizados por grupos extremistas com o suposto envolvimento da inteligência dos Estados Unidos. Após a morte de Pasolini, esse período teve momento mais conturbado com o assassinato do líder democrata-cristão Aldo Moro, em 1978.
Em 2015 uma série de pinturas em homenagem ao cineasta apareceu em áreas ao redor do centro turístico de Roma e Ostia. O autor é o artista plástico francês Ernest Pignon-Ernest, e essa abaixo simboliza um duplo retrato de Pasolini carregando a si próprio, vivo e morto, modelado à maneira de Pietà, de Michelangelo.
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