sábado, 21 de dezembro de 2013
terça-feira, 5 de novembro de 2013
amizade em celulóide
Galba Sandras é um dos meus melhores amigos. Começamos a fotografar juntos em meados
da década de 70, em Fortaleza. Sem muitas condições, dividíamos uma
Olympus Trip, e até mesmo uma daquelas Kodac Instamatic Xereta, bem no
começo de tudo nas cavernas alencarinas.
Eu fui para o fotojornalismo e o Galba foi para Seattle, EUA, estudar, onde se especializou em fotografia de modas. Deixei a fotografia e fui para o cinema, escrever roteiros e dirigir filmes, que sempre foi o meu foco. Galba morou por mais de vinte anos nos EUA, antes de voltar para Ceará, mas nunca nos separamos. Os amigos se pertencem. Essa imagem fica impressa em celulóide no coração de cada um.
Bom saber que você é bom demais no que faz, Galba. Um abraço, meu caro!
Eu fui para o fotojornalismo e o Galba foi para Seattle, EUA, estudar, onde se especializou em fotografia de modas. Deixei a fotografia e fui para o cinema, escrever roteiros e dirigir filmes, que sempre foi o meu foco. Galba morou por mais de vinte anos nos EUA, antes de voltar para Ceará, mas nunca nos separamos. Os amigos se pertencem. Essa imagem fica impressa em celulóide no coração de cada um.
Bom saber que você é bom demais no que faz, Galba. Um abraço, meu caro!
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
o Saci contra-ataca
Halloween
que nada! Isso é um evento tradicional dos países anglo-saxônicos, com
especial relevância nos dominadores Estados Unidos. Nossa identidade
cultural é o moleque SACI PERERÊ, que se comemora hoje, 31.
Nosso personagem mitológico foi criado pelos índios da região sul do
Brasil no fim do século 18, e morando na mata, é guardião das plantas
sagradas que utiliza para fazer remédios curativos. As bruxas do Tio Sam não estão com nada, só sabem assustar e nos roubar doce e guloseimas.
sábado, 19 de outubro de 2013
quando eu me chamar saudade
"Foi sacanagem a forma que me expulsaram do
Itamaraty!", desabafou o poeta Vinicius de Moraes, lá pelos anos 70, a
respeito de sua saída compulsória, definitiva e sumária dos quadros do
Ministério das Relações Exteriores na época da ditadura.
Após 26 anos de serviços prestados ao Itamaraty, o poeta foi "aposentado" pelo regime militar em 1968, já como resultado da promulgação do AI-5. O general-presidente de plantão, Costa e Silva, exigia o desligamento do serviço público de "bêbados, boêmios e homossexuais". Brincalhão, Vinicius disse "eu sou o bêbado." O ministro Magalhães Pinto foi curto e grosso: "demita esse vagabundo!"
Com a exoneração o poeta ficou muito magoado e deprimido. Extravasou seus sentimentos na poesia e na música. Na língua nagô a expressão "na tonga da milonga do kabuletê", gravada em 1970 em parceria com Toquinho, significa algo como "vão todos à merda!" Curto e diplomático.
Há três anos, em Brasília, o poeta foi promovido pelo então chanceler Celso Amorim à condição de Embaixador do Brasil, com a presença de parentes e amigos, como a cantora Miúcha.
Em algum cantinho, em bom lugar, o nosso eterno poetinha deve estar curtindo, com seu uisquinho, essa tardia reparação, embora ele nunca tenha deixado de ser o que lhe tomaram, pois dizia-se "eu, o capitão do mato, Vinicius de Moraes, poeta e diplomata."
E porque hoje é sábado, e é seu aniversário, a benção, meu mestre.
Após 26 anos de serviços prestados ao Itamaraty, o poeta foi "aposentado" pelo regime militar em 1968, já como resultado da promulgação do AI-5. O general-presidente de plantão, Costa e Silva, exigia o desligamento do serviço público de "bêbados, boêmios e homossexuais". Brincalhão, Vinicius disse "eu sou o bêbado." O ministro Magalhães Pinto foi curto e grosso: "demita esse vagabundo!"
Com a exoneração o poeta ficou muito magoado e deprimido. Extravasou seus sentimentos na poesia e na música. Na língua nagô a expressão "na tonga da milonga do kabuletê", gravada em 1970 em parceria com Toquinho, significa algo como "vão todos à merda!" Curto e diplomático.
Há três anos, em Brasília, o poeta foi promovido pelo então chanceler Celso Amorim à condição de Embaixador do Brasil, com a presença de parentes e amigos, como a cantora Miúcha.
Em algum cantinho, em bom lugar, o nosso eterno poetinha deve estar curtindo, com seu uisquinho, essa tardia reparação, embora ele nunca tenha deixado de ser o que lhe tomaram, pois dizia-se "eu, o capitão do mato, Vinicius de Moraes, poeta e diplomata."
E porque hoje é sábado, e é seu aniversário, a benção, meu mestre.
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
La vita è bella
A deusa Anita Ekberg resolve tomar banho com
roupa na Fonte de Trevi enquanto Marcello Mastroianni tenta achar leite
para um gatinho, que ela tinha visto nas ruas. Ao retornar, Marcello vê
Anita se banhando e se deslumbra, principalmente quando ela o convida.
A cena é do filme "A doce vida" (La dolce vita), de Federico Fellini, rodado em 1960. Mastroianni é o jornalista Marcello Rubini, e Anita vive uma fictícia atriz hollywoodiana chamada Sylvia Rank. Escândalo mundial, premiado em Cannes e Oscar de melhor figurino, o longa é um retrato da Roma em seu esplendor, e antecipou as mudanças que fizeram dos anos 60 a década da transformação, mostrando o tempo da velocidade, da americanização dos hábitos, dos carros e das mulheres formidáveis.
"A doce vida" é todo cheio de cenas emblemáticas, como a abertura, com a sequência da estátua do Cristo sobrevoando Roma, não por milagre, mas transportado por um helicóptero, dentro do qual estão os repórteres sensacionalistas e um fotógrafo paparazzi - termo que acabou sendo incluído no vocabulário mundial.
A cena é do filme "A doce vida" (La dolce vita), de Federico Fellini, rodado em 1960. Mastroianni é o jornalista Marcello Rubini, e Anita vive uma fictícia atriz hollywoodiana chamada Sylvia Rank. Escândalo mundial, premiado em Cannes e Oscar de melhor figurino, o longa é um retrato da Roma em seu esplendor, e antecipou as mudanças que fizeram dos anos 60 a década da transformação, mostrando o tempo da velocidade, da americanização dos hábitos, dos carros e das mulheres formidáveis.
"A doce vida" é todo cheio de cenas emblemáticas, como a abertura, com a sequência da estátua do Cristo sobrevoando Roma, não por milagre, mas transportado por um helicóptero, dentro do qual estão os repórteres sensacionalistas e um fotógrafo paparazzi - termo que acabou sendo incluído no vocabulário mundial.
Começo dos anos 60 e a Itália mergulhava num otimismo desvairado. Acabara a guerra e ninguém queria mais saber do cinema neo-realista - do qual o próprio Fellini havia emergido, simplesmente porque ninguém desejava se recordar da violência, da miséria, da humilhação.
A vida era bela.
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
el nombre del hombre muerto
Obra do pintor renascentista Andrea Mantegna, "Lamentações sobre Cristo morto", exposta numa pinacoteca em Milão.
Sempre
que vejo esse belíssimo quadro, lembro-me da imagem de Che Guevara
morto, o cadáver exposto num lavadero do hospital Nuestro Señor de
Malta, en Vallegrande, Bolivia.
"El nombre del hombre muerto, ya no se puede decirlo, quién sabe? antes que o dia arrebente, antes que o dia arrebente..."
terça-feira, 17 de setembro de 2013
Festival de Brasília
Em cartaz filmes inéditos, longas, curtas,
ficção, documentário, digital, 35mm... a volta ao tradicional Cine
Brasília... sem horário de verão, com baixa umidade de setembro... equipe
enormes de curtas no palco, diretor que não veio e é representado pela
montadora, discursos e agradecimentos intermináveis no palco, discursos
rapidinhos "espero-que-gostem-do-filme", reclamações, polêmicas,
aplausos, vaias, atores de filmes que estão em novelas e os holofotes
das tvs correndo atrás junto com os caçadores de autógrafos com seus
iphones pra pegar uma foto, plateia de todos as tribos, das roupinhas de
grifes às tatuagens descoladas, muvucas laterais nas barraquinhas high
tech com cervejas long ness e sanduíches com preços abusivos, pegações,
reencontros, "ficantes", gente linda, gente chata, desesperados atrás de
convites pra festas com djs da hora, entra-e-sai no hall do hotel,
convidados exibindo credencial como se fosse medalha, convidado
reclamando que não recebeu credencial, salão do café da manhã lotado com
cineastas consagrados e curtas-metragistas desconhecidos estreiando o
seu décimo filme digital, oficinas com quem sabe ministrar oficinas,
workshop que é a mesma coisa de oficina ministrado por quem não sabe nem
de uma coisa nem de outra, perfomances sem-ver-nem-pra-quê, debates que
começam atrasados porque os participantes ainda estão no café,
homenageados sem nenhum motivo, homenageados tardiamente, premiações
injustas, premiações certíssimas...
O Festival de Brasília é histórico e histérico.
O Festival de Brasília é histórico e histérico.
terça-feira, 6 de agosto de 2013
jóia rara
Educação dos filhos somente e tão somente com muita compreensão, tolerância incondicional, paciência infinita. Amor.
Não acredito na pedagogia do castigo, em penalizar para mudar, em apertar para dobrar. Não se muda nada sadiamente com o medo.
Não se lapida um diamante com uma furadeira.
Não acredito na pedagogia do castigo, em penalizar para mudar, em apertar para dobrar. Não se muda nada sadiamente com o medo.
Não se lapida um diamante com uma furadeira.
domingo, 28 de julho de 2013
Renato Godá
Misture Leonard Cohen, Tom Waits e Serge
Gainsbourg: Renato Godá. É só uma citação, uma referência do que é
simplesmente muito bom nas canções do mundo. Renato Godá tem identidade
própria, tem estilo próprio, tem música própria. Uma voz rara,
um artista raríssimo, um dândi performático no palco. Longe da mídia,
dos holofotes da mesmice, outsider de uma determinada linha evolutiva da
música popular brasileira, o compositor e cantor paulista, com três
discos, tem seus admiradores que reconhecem seu talento e singularidade,
Hoje, na Caixa Cultural Brasilia, último dia. Imperdível!
Fui ontem, estarei lá novamente.
Hoje, na Caixa Cultural Brasilia, último dia. Imperdível!
Fui ontem, estarei lá novamente.
quarta-feira, 3 de julho de 2013
professor Hitchcock
Hitchcock "ensinando" Tippi Hedren a datilografar em uma cena de "Marnie, confissões de ladra" (Marnie), 1960.
O filme foi exibido no primeiro dia da Mostra Alfred Hitchcock no CCBB.
O filme foi exibido no primeiro dia da Mostra Alfred Hitchcock no CCBB.
terça-feira, 2 de julho de 2013
sangue de chocolate
"Psicose" (Psycho), 1960, foi filmado em preto
e branco por opção do próprio Alfred Hitchcock, que considerava que a
cores o filme ficaria "ensanguentado" demais. Para criar o sangue na
cena do chuveiro foi utilizada calda de chocolate.
O filme foi exibido hoje na abertura da Mostra Alfred Hitchcock, em sessões simultâneas e lotadas na sala de cinema e no Teatro 1 do CCBB.
O filme foi exibido hoje na abertura da Mostra Alfred Hitchcock, em sessões simultâneas e lotadas na sala de cinema e no Teatro 1 do CCBB.
a lógica da imaginação
"Existe algo mais importante do que a lógica: é
a imaginação. Se pensamos primeiramente na lógica, não podemos imaginar
mais nada."
Alfred Hitchcock, o mestre do suspense. O único. O inimitável.
Alfred Hitchcock, o mestre do suspense. O único. O inimitável.
O CCBB Brasília começa hoje, e segue até 4 de agosto, uma mostra com 53 produções, com todos os seus longas e a série que ele apresentou para a televisão americana de 1955 a 1962, contando 268 episódios.
Ver ou rever sua filmografia é sempre interessante, mas a oportunidade de conhecer essa série é uma das atrações imperdíveis da mostra. Conheço alguns, quero ver todos.
Cada episódio, alguns dirigidos pelo próprio Hitchcock, durava 30 minutos e era apresentado após uma breve vinheta acompanhada sempre pela Marcha Funeral das Marionetes, de Gounod.
Com o estrondoso sucesso da série, os episódios foram aumentados para uma hora de duração, e geraram uma nova série, "The Alfred Hitchcock Hour", com mais 3 temporadas até 1965. Muito mais criativo do que essas temporadas feitas "em série" das tvs pagas de hoje.
E para quem acha que suspense são esses "sustos" explícitos que contaminam as salas multilplexes, é uma chance de conhecer o que é realmente o suspense com inteligência. Uma das piores coisas que vi ultimamente, que a chamada "crítica especializada" elogiou, foi um tal de "Mama", produção espanhola-canadense cometida por um tal Andrés Muschietti. Uma aberração, uma idiotice, digamos, monstruosa, usando um adjetivo adequado.
Parafraseando o mestre, existe algo mais importante do que a lógica digitalizada, é a imaginação que esse cineminha hollywoodiano não tem.
A produção local da mostra é da competentíssima produtora e cineasta Daniela Marinho.
quinta-feira, 27 de junho de 2013
Viagem ao Cinema
"Viagem à Tóquio" (Tokyo monogatari), 1953, de Yasujiro Ozu, o cineasta do cotidiano, dos laços e desenlaces familiares. Sua câmera está sempre na altura dos corações dos personagens que partem e dos que voltam para casa.
amor filial
Eu ia postar algo sobre um dos meus oito filmes preferidos da história do Cinema, "Viagem à Tóquio" (Tokyo monogatari), de Yasujiro Ozu, realizado em 1953. Mas mexendo nos arquivos aqui no blog, dei de cara com essa foto, de outro grande filme do cineasta japonês.
Noriko tem 27 anos, é bonita, prendada, e o pai, a tia e a vizinhança insistem que ela precisa casar. A moça não pensa nisso, prefere ficar cuidando do pai, viúvo. “Quero ficar aqui com você para sempre, papai”, diz Noriko sempre que o pai volta ao assunto de que a filha precisa seguir seu caminho.
A partir desse enredo simples, o cineasta Yasujiro Ozu desenvolve o roteiro de um dos mais belos filmes da cinematografia mundial, "Pai e filha" (Banshum), de 1949. Minimalista, o cineasta japonês disseca sentimentos que mexem com todos.
Será que todos os filmes bons já foram feitos?
Noriko tem 27 anos, é bonita, prendada, e o pai, a tia e a vizinhança insistem que ela precisa casar. A moça não pensa nisso, prefere ficar cuidando do pai, viúvo. “Quero ficar aqui com você para sempre, papai”, diz Noriko sempre que o pai volta ao assunto de que a filha precisa seguir seu caminho.
A partir desse enredo simples, o cineasta Yasujiro Ozu desenvolve o roteiro de um dos mais belos filmes da cinematografia mundial, "Pai e filha" (Banshum), de 1949. Minimalista, o cineasta japonês disseca sentimentos que mexem com todos.
Será que todos os filmes bons já foram feitos?
quarta-feira, 26 de junho de 2013
a rotina tem seu encanto?
“Não há a menor dúvida: o parâmetro para 'Um cotidiano perdido no tempo' é o cineasta japonês Yasujiro Ozu. 'Cotidiano' é um filme cíclico, portanto, Zen, como as obras de Ozu. Sobre o diretor, o crítico Tadao Sadao escreveu: ‘a câmera de Ozu conduz-se face aos personagens como o dono da casa face aos convidados. Reciprocamente, os personagens dos filmes de Ozu conduzem-se como se fossem convidados numa casa’. Esta análise cabe perfeitamente ao filme de Nirton Venancio.”
Essa análise do crítico de cinema Ricardo Cota, publicada na revista Cinemin, em 1988, foi uma das que mais me comoveram sobre o meu primeiro curta-metragem. Até então eu conhecia muito pouco do cineasta japonês, não tinha uma influência direta como tinha do neo-realismo italiano. E Ozu, sabe-se, é uma espécie de "neo-realista zen". Ainda sem internet naquele final dos anos 80, para que se procurasse filmes disponíveis para download, fui atrás de Ozu em livros, publicações, no que desse. Dois anos depois, 1990, encontrei numa livraria no aeroporto em Brasília, numa viagem a São Paulo, justamente para apresentar o filme numa mostra, o livro "Ozu, o Extraordinário Cineasta do Cotidiano", que reune excelentes textos de cineastas e críticos, organizado por Lúcia Nagib e André Parente. Fiquei fascinado com o que li. Logo em seguida, por artimanha do universo, foi apresentada na Cultura Hispânica em Brasília, uma retrospectiva da filmografia de Yasujiro Ozu. Pronto! Estava eu apresentado ao cinema do mestre. De toda sua belíssima obra, o que ainda mais me toca profundamente é "Viagem à Tóquio" (Tokyo monogatari), de 1953.
Apesar da sincera e grata observação de Ricardo Cota acima, não tenho nenhuma pretensão de me igualar ao trabalho de um dos maiores cineastas de toda história do cinema. Estou tão distante dele quanto a imensidão oceânica que me separa do Japão. "Um cotidiano perdido no tempo" é apenas o meu olhar sobre a solidão da velhice, e tem a força e a dor da memória, filmado em locações que são extensões da minha vida: a casa onde eu nasci, cresci, no interior cearense, as paredes e os parentes que são meus, eu que sou afluente nas veias desses rios. Só cheguei lá com a câmera e me flagrei no passado na pele enrugada de minha avó. O cinema me guiou e nem notei que Ozu me ajudava em cada enquadramento.
O filme será apresentado hoje, nesta quarta-feira de manifestações, às 20h, na Mostra de Curta-metragens brasilienses do Espaço Cultural Brasília Shopping, curadoria do grande Maurício Witczak com o auxilio luxuoso de Wol Nunes.
Essa análise do crítico de cinema Ricardo Cota, publicada na revista Cinemin, em 1988, foi uma das que mais me comoveram sobre o meu primeiro curta-metragem. Até então eu conhecia muito pouco do cineasta japonês, não tinha uma influência direta como tinha do neo-realismo italiano. E Ozu, sabe-se, é uma espécie de "neo-realista zen". Ainda sem internet naquele final dos anos 80, para que se procurasse filmes disponíveis para download, fui atrás de Ozu em livros, publicações, no que desse. Dois anos depois, 1990, encontrei numa livraria no aeroporto em Brasília, numa viagem a São Paulo, justamente para apresentar o filme numa mostra, o livro "Ozu, o Extraordinário Cineasta do Cotidiano", que reune excelentes textos de cineastas e críticos, organizado por Lúcia Nagib e André Parente. Fiquei fascinado com o que li. Logo em seguida, por artimanha do universo, foi apresentada na Cultura Hispânica em Brasília, uma retrospectiva da filmografia de Yasujiro Ozu. Pronto! Estava eu apresentado ao cinema do mestre. De toda sua belíssima obra, o que ainda mais me toca profundamente é "Viagem à Tóquio" (Tokyo monogatari), de 1953.
Apesar da sincera e grata observação de Ricardo Cota acima, não tenho nenhuma pretensão de me igualar ao trabalho de um dos maiores cineastas de toda história do cinema. Estou tão distante dele quanto a imensidão oceânica que me separa do Japão. "Um cotidiano perdido no tempo" é apenas o meu olhar sobre a solidão da velhice, e tem a força e a dor da memória, filmado em locações que são extensões da minha vida: a casa onde eu nasci, cresci, no interior cearense, as paredes e os parentes que são meus, eu que sou afluente nas veias desses rios. Só cheguei lá com a câmera e me flagrei no passado na pele enrugada de minha avó. O cinema me guiou e nem notei que Ozu me ajudava em cada enquadramento.
O filme será apresentado hoje, nesta quarta-feira de manifestações, às 20h, na Mostra de Curta-metragens brasilienses do Espaço Cultural Brasília Shopping, curadoria do grande Maurício Witczak com o auxilio luxuoso de Wol Nunes.
sábado, 13 de abril de 2013
Fortaleza ao longe
"não não não aquele mar não é o mar
sequer um postal noturno do mucuripe
enviado por um parente em algum sonho
são luzes, apenas
são meus olhos, apenas
ali não há barcos
nem peixes
nem o rapaz
que namorava
'sem ter medo da saudade
e sem vontade de casar'.”
Certa vez, aqui em Brasília, avistei o horizonte noturno da janela do oitavo andar. Luzes piscavam ao longe como barcos lentos no mar. Por um instante tive a certeza que estava em Fortaleza, que via o Atlântico em Fortaleza, que barcos vinham me buscar para Fortaleza. Eu subiria num pier no Lago Paranoá e ouvindo "Terral" do Ednardo, navegaria até o Mucuripe.
E escrevi esses versos, que estão no livro "A paisagem e a distância - poemas sobre Brasília e outras ilhas".
A saudade tem desses delírios. A saudade cria vontades e imagens. A saudade, ao contrário da música, dá vontade de casar.
Hoje é aniversário da cidade de Fortaleza, 287 anos. A morena desposada do sol - assim prefiro.
Daqui do cerrado meu peito cerrado de lembranças lhe abraça, Fortaleza.
sequer um postal noturno do mucuripe
enviado por um parente em algum sonho
são luzes, apenas
são meus olhos, apenas
ali não há barcos
nem peixes
nem o rapaz
que namorava
'sem ter medo da saudade
e sem vontade de casar'.”
Certa vez, aqui em Brasília, avistei o horizonte noturno da janela do oitavo andar. Luzes piscavam ao longe como barcos lentos no mar. Por um instante tive a certeza que estava em Fortaleza, que via o Atlântico em Fortaleza, que barcos vinham me buscar para Fortaleza. Eu subiria num pier no Lago Paranoá e ouvindo "Terral" do Ednardo, navegaria até o Mucuripe.
E escrevi esses versos, que estão no livro "A paisagem e a distância - poemas sobre Brasília e outras ilhas".
A saudade tem desses delírios. A saudade cria vontades e imagens. A saudade, ao contrário da música, dá vontade de casar.
Hoje é aniversário da cidade de Fortaleza, 287 anos. A morena desposada do sol - assim prefiro.
Daqui do cerrado meu peito cerrado de lembranças lhe abraça, Fortaleza.
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sexta-feira, 12 de abril de 2013
mama mia!
Lançado
no Brasil semana passada, o filme "Mama" é mais uma idiotice, digamos,
monstruosa, usando um adjetivo adequado. A mídia deu páginas inteiras
na divulgação, alardeando como "um novo estilo de suspense", "forte
carga de sustos", "clima de terror psicológico", "tenebroso", e outras fraudes publicitárias.
Digirido pelo argentino Andrés Muschietti, coproduzido pela Espanha e Canadá, "Mama" é tipicamente uma mesmice dos filmes hollywoodianos do gênero. Nada de novo debaixo das trevas da falta de criatividade desses roteiristas, no caso, o britânico Neil Cross, que escreveu uma série de thriller na BBC - o que para mim não credencia excepcionalidade nenhuma. E dizem que a concepção desse enredo tolo e vazio, teve inspiração em obras do artista plástico Chet Zar, um californiano de 46 anos, que tem seu trabalho inspirado em filmes de terror, e já enveredou na indústria cinematográfica criando efeitos especiais para "O Chamado", as continuações de "O Planeta dos Macacos" e "Darkman". Não é meu tipo de pintura, não colocaria um quadro de Zar na minha parede, mas as suas criações a óleo em enormes telas são perfeitas, assustadoras, demonstram engenho e técnica de um grande artista. Ao contrário do filme. E para credenciar mais "qualidade" a "Mama", o diretor, numa entrevista, disse que o personagem título, a coisa esquisita lá, uma mãe "angustiada" no além sem o filho no colo, é uma "espécie de pintura de Modigliani deixada para apodrecer..." Mama mia! É muito engodo. Realmente, a figura "assustadora" do filme esboça as características de rostos e pescoços alongados do grande pintor italiano, mas comparar com essa bela criação e deixá-la putrefazer, é uma analogia infeliz, de muito mau gosto.
"Mama" é um mosaico, ou mais apropriadamente, um caleidoscópio de clichês de todos os sustos que já se viu no cinema. E não incluo os arrepios Hitchcock, para não vulgarizar a obra do mestre do suspense. É outra coisa. Incluo os sustos explícitos, os que não sugerem, que precisam de tradução, que não exigem mobilização de raciocínio, que não estimulam os neurônios. São bem feitos, sim. Principalmente depois da tecnologia de ponta. Mas a repetição, a proposta “ad nauseam” dessas fitas no espectador desatento e equivocado transforma o seu cérebro em dois neurônios, e com o tempo um destrói o outro. A produção industrial cinematográfica americana e derivadas de outros estúdios, precisam desse público para abastecer os milhões investidos. O cinema com seu poderio torna-se uma máquina alienante. Cinema não é somente diversão. É uma arte de reflexão, também. E não falo aqui de “filme-cabeça” , necessariamente. Hitchcock – ele de novo, claro – soube muito bem aliar os sustos com os dramas humanos em entretenimento de qualidade. O que fica para história, “Cortina rasgada” ou “Mama”?
Que o efêmero e descartável existam como significados desses filmes, mas que não se aspire como inovação e se pretendam obras-primas.
Há quem goste. E gosto não se discute, se lamenta.
Digirido pelo argentino Andrés Muschietti, coproduzido pela Espanha e Canadá, "Mama" é tipicamente uma mesmice dos filmes hollywoodianos do gênero. Nada de novo debaixo das trevas da falta de criatividade desses roteiristas, no caso, o britânico Neil Cross, que escreveu uma série de thriller na BBC - o que para mim não credencia excepcionalidade nenhuma. E dizem que a concepção desse enredo tolo e vazio, teve inspiração em obras do artista plástico Chet Zar, um californiano de 46 anos, que tem seu trabalho inspirado em filmes de terror, e já enveredou na indústria cinematográfica criando efeitos especiais para "O Chamado", as continuações de "O Planeta dos Macacos" e "Darkman". Não é meu tipo de pintura, não colocaria um quadro de Zar na minha parede, mas as suas criações a óleo em enormes telas são perfeitas, assustadoras, demonstram engenho e técnica de um grande artista. Ao contrário do filme. E para credenciar mais "qualidade" a "Mama", o diretor, numa entrevista, disse que o personagem título, a coisa esquisita lá, uma mãe "angustiada" no além sem o filho no colo, é uma "espécie de pintura de Modigliani deixada para apodrecer..." Mama mia! É muito engodo. Realmente, a figura "assustadora" do filme esboça as características de rostos e pescoços alongados do grande pintor italiano, mas comparar com essa bela criação e deixá-la putrefazer, é uma analogia infeliz, de muito mau gosto.
"Mama" é um mosaico, ou mais apropriadamente, um caleidoscópio de clichês de todos os sustos que já se viu no cinema. E não incluo os arrepios Hitchcock, para não vulgarizar a obra do mestre do suspense. É outra coisa. Incluo os sustos explícitos, os que não sugerem, que precisam de tradução, que não exigem mobilização de raciocínio, que não estimulam os neurônios. São bem feitos, sim. Principalmente depois da tecnologia de ponta. Mas a repetição, a proposta “ad nauseam” dessas fitas no espectador desatento e equivocado transforma o seu cérebro em dois neurônios, e com o tempo um destrói o outro. A produção industrial cinematográfica americana e derivadas de outros estúdios, precisam desse público para abastecer os milhões investidos. O cinema com seu poderio torna-se uma máquina alienante. Cinema não é somente diversão. É uma arte de reflexão, também. E não falo aqui de “filme-cabeça” , necessariamente. Hitchcock – ele de novo, claro – soube muito bem aliar os sustos com os dramas humanos em entretenimento de qualidade. O que fica para história, “Cortina rasgada” ou “Mama”?
Que o efêmero e descartável existam como significados desses filmes, mas que não se aspire como inovação e se pretendam obras-primas.
Há quem goste. E gosto não se discute, se lamenta.
quinta-feira, 4 de abril de 2013
qualquer maneira
"Qualquer maneira de amor vale a pena / qualquer maneira de amor vale amar / qualquer maneira de amor valerá" - Caetano Veloso
quarta-feira, 3 de abril de 2013
ser o que se é
"O máximo é ser o que se é. Seja o que for. E
por isso Daniela Mercury merece ser louvada. Ela assumiu ela mesma. Não
assumiu namorada nenhuma; ninguém assume outra pessoa. Assumir é
reconhecer, é declarar-se.
Pra mim ela já era o máximo. Não vai passar a ser por ter 'se assumido' homo.
É que ainda estamos tão atrasados por aqui que vibramos com direitos básicos."
(Gilberto Machado Jr.)
terça-feira, 26 de março de 2013
Baker
Duas excelentes obras sobre o grande
trompetista e cantor de jazz Chet Baker: a biografia "No fundo de um
sonho - A longa noite de Chet Baker", escrita pelo jornalista James
Gavin, publicada em 2002, e "Let's Get Lost", documentário dirigido por Bruce Weber.
São referências definitivas sobre Baker. Nas páginas de um, nas imagens do outro, se se conhece a música do ícone do jazz cool, impossível não se emocionar com os relatos, os depoimentos, as entrevistas.
No filme,
concluído um ano antes de sua morte em 1988, aos 58 anos, o diretor
grava longos planos de um Baker mais introspectivo do que se sabia. O
seu olhar distante, o mergulho em suas dores. A câmera parece não estar
ali. O cineasta e o músico eram amigos, e isso rendeu a intimidade
necessária para extrair a mais verdadeira fala, o mais sincero silêncio.
quarta-feira, 20 de março de 2013
nosso choro de Nazareth
O pesquisador musical Luiz Antonio de Almeida,
51 anos, trabalhou 30 anos na biografia do pianista e compositor
Ernesto Nazareth (1863-1934). O livro está pronto há sete e ainda não
foi publicado por total desinteresse das editoras.
Essa informação está na ótima reportagem de capa do caderno Diversão&Arte, edição de hoje do Correio Braziliense. Um dos nossos maiores músicos faria 150 anos nesta quarta-feira. Autor de clássicos que estão no nosso imaginário, como "Odeon", "Apanhei-te cavaquinho", "Brejeiro", "Dengoso", Nazareth é de importância fundamental na história da música brasileira, influenciou gerações, como o exímio violista gaúcho Yamandu Costa, 33 anos, que fez uma definição precisa do mestre: "ele mistura o suingue negro com a música europeia, e daí sai o choro, essa linguagem que caracteriza o nosso povo."
Do que foi publicado sobre o grande compositor, autor de mais 300 canções, conheço o livro de Haroldo Costa, "Ernesto Nazareth - Pianeiro do Brasil", 2005, e o de José Miguel Wisnik, “Machado Maxixe”. In: Sem receita – Ensaios e canções", 2004.
Pelo li na matéria do Correio, creio que o inédito de Luiz Antonio de Almeida, seja a biografia definitiva do compositor, que teve um fim de vida trágico, aos 70 anos.
Essa informação está na ótima reportagem de capa do caderno Diversão&Arte, edição de hoje do Correio Braziliense. Um dos nossos maiores músicos faria 150 anos nesta quarta-feira. Autor de clássicos que estão no nosso imaginário, como "Odeon", "Apanhei-te cavaquinho", "Brejeiro", "Dengoso", Nazareth é de importância fundamental na história da música brasileira, influenciou gerações, como o exímio violista gaúcho Yamandu Costa, 33 anos, que fez uma definição precisa do mestre: "ele mistura o suingue negro com a música europeia, e daí sai o choro, essa linguagem que caracteriza o nosso povo."
Do que foi publicado sobre o grande compositor, autor de mais 300 canções, conheço o livro de Haroldo Costa, "Ernesto Nazareth - Pianeiro do Brasil", 2005, e o de José Miguel Wisnik, “Machado Maxixe”. In: Sem receita – Ensaios e canções", 2004.
Pelo li na matéria do Correio, creio que o inédito de Luiz Antonio de Almeida, seja a biografia definitiva do compositor, que teve um fim de vida trágico, aos 70 anos.
domingo, 17 de março de 2013
a vida é um sopro
"Imaginação e realidade têm pouca coisa em comum."
Fala da personagem Anne, magnificamente interpretada por Emmanuelle Riva em "Amour", roteiro e direção de Michael Haneke.
Quem assistiu ao filme sabe a essência do que isso significa, o que representa no seu contexto. Amor e morte. Assim como "Amour", o belo filme do austríaco Haneke poderia intitular-se "Morte". Imaginação e realidade. Poucas coisas em comum entre as duas. Diante da incômoda certeza de uma, a vida é uma imaginação, abstrata, fluida, passageira, um sopro, como dizia Oscar Niemeyer - ele, que burlou a dita cuja por mais de um século.
O filme de Haneke mostra um casal de octagenários no crespúsculo de suas vidas. A doença degenerativa de um torna-se o enlace maior entre ambos, fortificado pelo amor.
E o amor, creio, é incondicional por definição. Quando Anne diz ao marido, em atuação marcante de Jean-Louis Trintignant, que ele deve estar cansado de cuidar dela, do sofrimento infrigido pelas circunstâncias, o marido rebate que não, claro. Mas a câmera de Haneke penetra o interior do personagem, adentra sua alma, e a leitura é outra, pelo olhar, pelo semblante, pela verdade - mais do que pela imaginação. Há o cansaço, mas há o sentimento de predisposição sincero.
Esse é o grande valor de um filme talentoso, de um grande Cinema. O que o olhar da câmera expõe, o que supostamente não está enquadrado. O Cinema sugere o que é fato, o que existe, o que pulsa.
Na abertura de "Amour", o espectador vê a plateia de um teatro à espera do início de um concerto de piano. Câmera fixa no auditório, do ponto de vista do palco. O pianista entra, cumprimenta o público, aplausos de recepção, e começa a música. Rostos atentos, ouvidos abertos. Não há um contraplano do músico chegando, saudando os ouvintes, sentando-se no banquinho, teclando o piano. E nem precisa. Nós vemos tudo isso através do olhar da plateia. O Cinema bem feito permite essa conexão, essa cumplicidade. O Cinema é voyeur.
E assim é toda a narrativa do filme: minimalista em gestos, no desenho de câmera, nos diálogos. E consequentemente grandioso em expressões, significados, questionamentos humanos. Haneke trata o assunto com poesia, com doçura, com o tato das retinas. O que é perverso, cru, implacável, é a verdade do tema, não o tratamento. Podemos discordar do final, da atitude extrema do marido, mas não se pode deixar de compreender o ato. Uma coisa pode não justificar. Mas uma outra coisa pode explicar.
E o que não se justifica, nem mesmo explicações convencem, é Emmanuelle Riva não ganhar o Oscar de Melhor Atriz, e receber uma atrizinha inexpressiva de um filminho idiota.
Imaginação e realidade têm mesmo pouca coisa em comum. Nesse caso, nada.
Fala da personagem Anne, magnificamente interpretada por Emmanuelle Riva em "Amour", roteiro e direção de Michael Haneke.
Quem assistiu ao filme sabe a essência do que isso significa, o que representa no seu contexto. Amor e morte. Assim como "Amour", o belo filme do austríaco Haneke poderia intitular-se "Morte". Imaginação e realidade. Poucas coisas em comum entre as duas. Diante da incômoda certeza de uma, a vida é uma imaginação, abstrata, fluida, passageira, um sopro, como dizia Oscar Niemeyer - ele, que burlou a dita cuja por mais de um século.
O filme de Haneke mostra um casal de octagenários no crespúsculo de suas vidas. A doença degenerativa de um torna-se o enlace maior entre ambos, fortificado pelo amor.
E o amor, creio, é incondicional por definição. Quando Anne diz ao marido, em atuação marcante de Jean-Louis Trintignant, que ele deve estar cansado de cuidar dela, do sofrimento infrigido pelas circunstâncias, o marido rebate que não, claro. Mas a câmera de Haneke penetra o interior do personagem, adentra sua alma, e a leitura é outra, pelo olhar, pelo semblante, pela verdade - mais do que pela imaginação. Há o cansaço, mas há o sentimento de predisposição sincero.
Esse é o grande valor de um filme talentoso, de um grande Cinema. O que o olhar da câmera expõe, o que supostamente não está enquadrado. O Cinema sugere o que é fato, o que existe, o que pulsa.
Na abertura de "Amour", o espectador vê a plateia de um teatro à espera do início de um concerto de piano. Câmera fixa no auditório, do ponto de vista do palco. O pianista entra, cumprimenta o público, aplausos de recepção, e começa a música. Rostos atentos, ouvidos abertos. Não há um contraplano do músico chegando, saudando os ouvintes, sentando-se no banquinho, teclando o piano. E nem precisa. Nós vemos tudo isso através do olhar da plateia. O Cinema bem feito permite essa conexão, essa cumplicidade. O Cinema é voyeur.
E assim é toda a narrativa do filme: minimalista em gestos, no desenho de câmera, nos diálogos. E consequentemente grandioso em expressões, significados, questionamentos humanos. Haneke trata o assunto com poesia, com doçura, com o tato das retinas. O que é perverso, cru, implacável, é a verdade do tema, não o tratamento. Podemos discordar do final, da atitude extrema do marido, mas não se pode deixar de compreender o ato. Uma coisa pode não justificar. Mas uma outra coisa pode explicar.
E o que não se justifica, nem mesmo explicações convencem, é Emmanuelle Riva não ganhar o Oscar de Melhor Atriz, e receber uma atrizinha inexpressiva de um filminho idiota.
Imaginação e realidade têm mesmo pouca coisa em comum. Nesse caso, nada.
quarta-feira, 13 de março de 2013
um tango atravessado
O cardeal argentino Jorge Bergoglio, ou seja, o
novo Papa, Francisco I, foi denunciado em 2005 na Justiça argentina por
supostas ligações com o sequestro de dois missionários jesuítas em 1975
durante a ditadura.
A denúncia se baseou em artigos jornalísticos e no livro "Igreja e Ditadura", de Emilio Mignone.
E aí, Francisco?
A denúncia se baseou em artigos jornalísticos e no livro "Igreja e Ditadura", de Emilio Mignone.
E aí, Francisco?
segunda-feira, 11 de março de 2013
o passado
"O passado é minha única certeza"
Do jornalista Alessandro Porro, em seu livro "Memórias do meu século - Lembranças de um corsário ingênuo", lançado pela Ediouro em 2001.
domingo, 24 de fevereiro de 2013
festa estranha com gente esquisita
Recuso-me
a ficar insone madrugada a dentro assistindo entrega de Oscar: essa
festa careta, com suas apresentações pirotécnicas e ocas, com seus
apresentadores com piadinhas sem graça, com suas estrelas enfeiuradas
com vestidos esquisitos, tudo celebrando um cinema medíocre, previsível,
acomodado, salvo raras exceções de um e outro filmes pretensamente
ousados, um e outro cineastas estrategicamente desobedientes aos ditames
de uma cinematografia acadêmica e dominante.
Na fot, Orson Welles, que só ganhou um Oscar em toda sua ótima
filmografia: pelo roteiro de "Cidadão Kane", em 1941. Perdeu Melhor
Filme para "Como era verde o meu vale" (muito sintomático!), de John
Ford, e ator para Gary Cooper em "Sargento York" (mais sintomático ainda
para o bélico público americano).
terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
fugindo pro cinema
Cinco
ótimos filmes compoem a Mostra Fugindo do Carnaval, no Espaço Itaú de
Cinema, em Brasília, de 8 a 14, quinta-feira. Foram exibidos "Dentro da
casa" (Dans la maison), de Francois Ozon, "Atrás da porta" (The door),
do húngaro István Szabó, "Pietá" (Hangul), o escandaloso filme do
sul-coreano Kim Ki-duk, "Killer Joe - Matador de aluguel" (Killer Joe),
de William Friedkin, e o inquietante "A caça" (Jagten), do dinamarquês
Thomas Vinterberg, exibido hoje.
São filmes da safra recente de diretores que despertam um olhar atento, mais apurado, a uma cinematografia com diversidade de estilos e propósitos, e todos acima da mesmice que contaminam os multiplexes.
São filmes da safra recente de diretores que despertam um olhar atento, mais apurado, a uma cinematografia com diversidade de estilos e propósitos, e todos acima da mesmice que contaminam os multiplexes.
sábado, 2 de fevereiro de 2013
o fôlego marginal
No ar o número 5 da revista Rebosteio,
excelente, inquieta, provocante, reflexiva publicação eletrônica editada
pelos caros amigos Rubens Guilherme Pesenti, Mercedes Lorenzo e Willina Delarte,figuras brilhantes da cena paulistana.
Temática a cada fôlego, essa edição discute a cultura de rua, a marginal, a periferia, através de reportagens, ensaios, críticas, poemas, fotografias. Vibrante!
E mais uma vez tenho a oportunidade de estar por lá. Escrevi sobre o filme que me impressionou muito, "Eles voltam", de Marcelo Lordello, vencedor do Festival de Brasília ano passado. Inédito ainda no circuito comercial, o longa concorre esta semana ao prêmio Hivos Tiger, no prestigiado Festival de Internacional de Cinema de Roterdã, em Amsterdã.
Temática a cada fôlego, essa edição discute a cultura de rua, a marginal, a periferia, através de reportagens, ensaios, críticas, poemas, fotografias. Vibrante!
E mais uma vez tenho a oportunidade de estar por lá. Escrevi sobre o filme que me impressionou muito, "Eles voltam", de Marcelo Lordello, vencedor do Festival de Brasília ano passado. Inédito ainda no circuito comercial, o longa concorre esta semana ao prêmio Hivos Tiger, no prestigiado Festival de Internacional de Cinema de Roterdã, em Amsterdã.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
chegam nessa hora agora
Nesta tarde de quinta-feira recebo uma ligação celular do meu caro Adeilton Lima:
só pra dizer que a caminho da casa de sua mãe para uma visita, ouvia no
rádio Fagner cantando "Manera Frufru" e lembrou de mim... e como os
amigos se pertencem e o universo cuida
dessa sintonia, estava justamente dando uns ajustes finais no projeto do
longa documentário "Pessoal do Ceará", que devo continuar as filmagens
neste ano.
Nesses momentos a vida dá um sacolejo nos seus significados. As boas energias se conectam e "estrela, sol e astro, lua / chegam nessa hora agora / para louvar / santa alma branca / centauro fru fru / fru fru manera...", como diz a letra no disco que, não à toa a coincidência, faz em maio próximo 40 anos que foi lançado.
Nesses momentos a vida dá um sacolejo nos seus significados. As boas energias se conectam e "estrela, sol e astro, lua / chegam nessa hora agora / para louvar / santa alma branca / centauro fru fru / fru fru manera...", como diz a letra no disco que, não à toa a coincidência, faz em maio próximo 40 anos que foi lançado.
a mulher de longe
Hoje, na Cinemateca Brasileira, São Paulo, pré-estreia do novo filme de Luiz Carlos Lacerda
"A mulher de longe", uma reconstituição poética do filme inacabado
dirigido pelo escritor mineiro Lucio Cardoso, a partir de imagens
originais e diários das filmagens, rodado em 1949.
Sabe-se que o filme ficou desaparecido por quase 60 anos. A Cinemateca localizou os copiões e Lacerda, que em 1971 dirigiu o ótimo "Mãos vazias", inspirado no romance de Cardoso, fez um documentário onde recria toda a história da busca de locações, os problemas com chuvas, equipe e as razões para a desistência do escritor em interromper as filmagens do seu primeiro e único trabalho como cineasta.
Meu caro Bigo, pena que seu amigo aqui de longe não poderá ir a exibição hoje.
Mais detalhes na programação da Cinemateca.
Sabe-se que o filme ficou desaparecido por quase 60 anos. A Cinemateca localizou os copiões e Lacerda, que em 1971 dirigiu o ótimo "Mãos vazias", inspirado no romance de Cardoso, fez um documentário onde recria toda a história da busca de locações, os problemas com chuvas, equipe e as razões para a desistência do escritor em interromper as filmagens do seu primeiro e único trabalho como cineasta.
Meu caro Bigo, pena que seu amigo aqui de longe não poderá ir a exibição hoje.
Mais detalhes na programação da Cinemateca.
domingo, 27 de janeiro de 2013
Luto e desprezo
É um absurdo: há cretinos babacas fazendo
piadinhas no Facebook com a tragédia na boate em Santa Maria, RS,
citando até música de cabaré pegando fogo.
Aos parentes das centenas de vítimas, meu coração dolorido, minha solidariedade.
Aos cretinos, meu total desprezo. Não os perdôo, eles sabem o que fazem.
Aos parentes das centenas de vítimas, meu coração dolorido, minha solidariedade.
Aos cretinos, meu total desprezo. Não os perdôo, eles sabem o que fazem.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
meu amigo Firmino
Essa figuraça aí na foto é um dos meus
melhores amigos em Fortaleza: Firmino Holanda, pesquisador, crítico e
professor de cinema, cineasta, roteirista, músico, tem uma coleção de
vinil riquíssima, e um dos papos mais inteligentes e lúcidos sobre tudo.
Desde os anos 70, quando começamos a fazer filmes em Super-8, que nossa amizade se firmou, pra usar aqui um trocadilho com seu nome. Não conheço outra pessoa mais apaixonada por Glauber Rocha. Veneração total. Nas longas horas em que ficávamos conversando e ouvindo música em sua casa, eu brincava dizendo que ele se benzia ao passar diante de um enorme poster do cineasta baiano fixado na seu quarto-biblioteca. Igual a mim, Firmino é um "catador de papel", guardamos pastas e pastas com recortes de jornais e revista sobre cinema, e trocávamos matérias repetidas.
Outra paixão de Firmino é Orson Welles, e por conta disso publicou o livro "Orson Welles no Ceará", em 2001, uma pesquisa que considero a mais completa e definitiva sobre a passagem do cineasta em terras alencarinas para rodar "It's All True". Escreveu ainda "Benjamin Abraão - Juazeiro, cinema e cangaço", em 2000, outra maravilha de leitura sobre o fotógrafo que filmou Lampião.
Ano passado participou na pesquisa para o ótimo "Cartografia do Audiovisual Cearense", organizado por Luiz Bizerril.
Desde os anos 70, quando começamos a fazer filmes em Super-8, que nossa amizade se firmou, pra usar aqui um trocadilho com seu nome. Não conheço outra pessoa mais apaixonada por Glauber Rocha. Veneração total. Nas longas horas em que ficávamos conversando e ouvindo música em sua casa, eu brincava dizendo que ele se benzia ao passar diante de um enorme poster do cineasta baiano fixado na seu quarto-biblioteca. Igual a mim, Firmino é um "catador de papel", guardamos pastas e pastas com recortes de jornais e revista sobre cinema, e trocávamos matérias repetidas.
Outra paixão de Firmino é Orson Welles, e por conta disso publicou o livro "Orson Welles no Ceará", em 2001, uma pesquisa que considero a mais completa e definitiva sobre a passagem do cineasta em terras alencarinas para rodar "It's All True". Escreveu ainda "Benjamin Abraão - Juazeiro, cinema e cangaço", em 2000, outra maravilha de leitura sobre o fotógrafo que filmou Lampião.
Ano passado participou na pesquisa para o ótimo "Cartografia do Audiovisual Cearense", organizado por Luiz Bizerril.
Firmino como músico é uma agradável surpresa: faz trilhas que entendo como arranjos secos e ao mesmo tempo minimalistas.
Louco por Frank Zappa, perguntei-lhe uma vez qual o disco que ele mais gosta do roqueiro de Baltimore, ele respondeu: "todos".
O cineasta Petrus Cariry é um felizardo por ter o Firmino em seus filmes, como roteirista e montador.
Firmino não tem Facebook, não usa celular, nem sequer e-mail. Nem viaja. A saída mais longa dele foi de Fortaleza a Juazeiro do Norte, ou foi Crato, e faz tempo.
Computador, para escrever, claro. E apenas. Quando quero falar com ele, telefone fixo, ou mando recado por amigos em comum, como agora: mostra a ele esta postagem, Petrus.
Resolvi escrever sobre meu amigo querido e singular porque, pesquisando sobre cinema cearense, encontrei algumas fotos suas, que nem imaginava. Disso ele não pode se livrar: está na rede nem que não queira.
Abraço grande, meu caro!
Zózimo Bulbul
Zózimo Bulbul foi o primeiro ator negro a
participar de novela, fazendo par romântico com a grande Leila Diniz.
Isso em 1969, na TV Excelsior. Sua atuação marcante ficou também como
um símbolo da luta contra o racismo descarado e disfarçado.
Zózimo lutou a vida inteira pelos direitos nas questões da raça negra. Estreiou como diretor no ótimo curta "Alma do Olho”, filme considerado subversivo pela censura na ditadura do governo Médici, em 74.
Participou de mais de 30 filmes. Além de um excelente ator, seguro nas suas interpretações, o que me chamava a atenção em Zózimo era sua elegância, de uma beleza ébano cativante.
Spike Lee o entrevistou ano passado para o documentário "Go Brazil, go!". Zózimo não verá o filme, que deve ser lançado em 2014. Partiu ontem para libertar outros quilombos, aos 75 anos.
Zózimo lutou a vida inteira pelos direitos nas questões da raça negra. Estreiou como diretor no ótimo curta "Alma do Olho”, filme considerado subversivo pela censura na ditadura do governo Médici, em 74.
Participou de mais de 30 filmes. Além de um excelente ator, seguro nas suas interpretações, o que me chamava a atenção em Zózimo era sua elegância, de uma beleza ébano cativante.
Spike Lee o entrevistou ano passado para o documentário "Go Brazil, go!". Zózimo não verá o filme, que deve ser lançado em 2014. Partiu ontem para libertar outros quilombos, aos 75 anos.
maestro soberano
"Meu maestro soberano / foi Antonio
Brasileiro...", canta Chico Buarque em "Paratodos", canção do disco
homônimo de 1993. No ano seguinte Antônio Carlos Brasileiro de Almeida
Jobim, o nosso Tom, partiu para outras apresentações...
Hoje o maestro soberano faria 86 anos.
Hoje o maestro soberano faria 86 anos.
o cinema ao redor
Sexta-feira, abro o jornal com a programação
dos lançamentos nos cinemas... e, com raríssimas exceções, não há nada
que se destaque. As atenções das páginas estão direcionadas a
"Lincoln", novo filme do eterno garoto prodígio
de Hollywood, Steven Spielberg, a quem não tenho a mais remota devoção.
Aliás, há muito tempo que perdi interesse pelo cinemão americano, com
suas megaproduções vazias, dopantes, com total ausência dos conflitos
humanos que deram lugar aos efeitos mirabolantes, e mais agora com suas
técnicas digitais surpreendentes.
A cinebiografia do mais conhecido presidente que mudou a história dos Estados Unidos, já vem com o "aval" de 13 indicações para o Oscar. Indicações que já parecem premiações confirmadas naquela festa cafona e enfadonha madrugada a dentro.
Vou ver, sim, "Lincoln". Mas, antes, verei "O som ao redor", filme do pernambucano Helder Mendonça Filho, única produção que merece total consideração na programação em cartaz. O resto é mais do mesmo.
A cinebiografia do mais conhecido presidente que mudou a história dos Estados Unidos, já vem com o "aval" de 13 indicações para o Oscar. Indicações que já parecem premiações confirmadas naquela festa cafona e enfadonha madrugada a dentro.
Vou ver, sim, "Lincoln". Mas, antes, verei "O som ao redor", filme do pernambucano Helder Mendonça Filho, única produção que merece total consideração na programação em cartaz. O resto é mais do mesmo.
passeando por São Paulo
"A eletricidade desta cidade / me dá vontade de dizer / que apaixonado eu sou..."
São Paulo fez esta semana 459 aninhos. Meu abraço a essa cidade que me encanta.
tá entendendo?
O brasileiro aí no vídeo é conhecido como "Piauí", artesão que trabalha honestamente na av. Paulista. Um pensamento lúcido.
Tá entendendo?
Tá entendendo?
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
a mesma beleza
Essa linda senhora de 85 anos, afagada pelas
mãos do ótimo ator Jean-Louis Trintignant em "Amour", novo filme de
Michael Heneke, é a mesma grande atriz Emmanuele Riva, igualmente
afagada pelas mãos carinhosas de Eiji Okada no clássico "Hiroshima, meu
amor", de Alain Resnais, em 1959.
Belas na simetria do tempo que o cinema enterniza.
Belas na simetria do tempo que o cinema enterniza.
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
sair do oceano
"Ah! no peixe de asas eu quero voar / sair do
oceano de tez poluída / cantar um galope fechando a ferida / que só
cicatriza na beira do mar / é na beira do mar..."
Zé Ramalho, "Beira-mar", 1980
musiquinha de barzinho
Tem coisa mais chatinha do que barzinho com
musiquinha ao vivo, aquele violão acústico estridente, e o cara lá
cantando "você deságua em mim e eu oceano"?
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
imagens da revolução
Neste Dia do Fotógrafo, uma especial homenagem
ao talento do espanhol Enrique Meneses, que parou de clicar domingo
passado, aos 83 anos.
Meneses foi o fotógrafo que subiu a Sierra Maestra com Fidel Castro, Che Guevara, Raul e todos revolucionários, até a conquista em Havana, imortalizando a Revolução Cubana com suas imagens feitas durante quatro meses, entre 1957 e 1958.
Meneses foi o fotógrafo que subiu a Sierra Maestra com Fidel Castro, Che Guevara, Raul e todos revolucionários, até a conquista em Havana, imortalizando a Revolução Cubana com suas imagens feitas durante quatro meses, entre 1957 e 1958.
Incansável, Enrique Meneses continuou registrando conflitos pelo mundo, como a Guerra da Bósnia.
a alma do tempo
Hoje, e todos os dias, Dia do Fotógrafo.
O meu clique para os amigos que sabem tão bem capturar a alma do tempo e das gentes: Mercedes Lorenzo, Galba Sandras, Marcos Vieira, Duarte Dias, Marcley de Aquino, Silas de |Paula, Nely Rosa, José Rosa Filho, Deborah Dornellas, Adriana Paiva, Nelson Bezerra, Maurício Albano, José Albano, Celso Oliveira, Jarbas Oliveira, Roberto Iuri, Joe Pimentel, Petrus Cariry, Alex Meira, Ivo Lopes, Adriana de Andrade, Valdo Siqueira, Kennedy Saldanha, Fábio Meireles, Jane Malaquias, Deise Jeffiny, Leo Mamede, e tantos outros.
Em especial ao meu tão meu Rubens Venancio, autor da foto acima.
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
o ser humano ao extremo
Nos anos 30, durante a Grande Depressão norte-americana, grande parte da população estava desempregada, vivendo dias miseraveis. Nessa época apareceram os concursos de dança, que testavam ao extremo a resistência dos competidores em troca de comida, roupas e alguns trocados.
Basicamente esse é o enredo do filme A noite dos desesperados, baseado no livro de Horace McCoy, They shoot horses, don't they?, em tradução livre, Mas não se matam cavalos?. Assistindo ao filme, entende-se o título que o diretor Sydney Pollack manteve na adaptação para o cinema. No Brasil, a nomição dada pelo distribuidores, traduz também o horror que o ser humano é capaz de suportar para sobreviver a qualquer custo.
Produzido em 1969, o filme foi indicado para várias categorias ao Oscar, mas recebeu apenas a estatueta de atror-coadjuvante, Gig Young. Jane Fonda, numa atuação marcante, foi indicada para melhor atriz, mas ganhou o prêmio dois anos depois, noutra grande interpretação em Klute, de Alan J. Pakula.
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