Tive poucos contatos com o ator, dramaturgo, agitador cultural e da vida Jota Pingo,
que eu nem sabia que se chamava Carlos Augusto de Campos Velho. Eu o
admirava de longe. E de perto, já que aqui em Brasília as relações com
as pessoas têm essa geografia e simetria
entre o abraço e o aceno. Quando vim morar em Brasília, a primeira
informação sobre Pingo foi que ele era irmão de Paulo César Pereiro. Mas
o cara era tão original, tão único na sua postura irreverente, que essa
ligação consanguínea era um detalhe que não se destacava. Eu que passei
a dizer que Pereio é que é irmão dele. Tempos depois, Jota Pingo se
tornou sogro de minha amiga, a atriz e educadora Antonia Artheme.
Leio no jornal de sua partida pra outros agitos. A última vez que nos
vimos, assim tão-longe-tão-perto, foi na 1ª Bienal do Livro, que
aconteceu aqui em abril deste ano. Estávamos na fila comprando pipoca e
pedi a minha sem sal. Pingo, do meu lado, comentou "tá certo, camarada.
Temos que cuidar do coração. A minha também sem sal". E saímos os dois
caminhando entre livros, com a pressão alta sob controle.
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