segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Dom Fragoso

Eu era muito garoto, mas lembro-me muito bem quando o paraibano Dom Antonio Batista Fragoso chegou em Crateús. Não esquecerei daquele homem sorridente, vindo da estação de trem, caminhando pela rua principal acompanhado de uma multidão, que lhe dava boas-vindas. Uma cena de filme neo-realista italiano gravada nas minhas retinas. Um fragmento de um exemplar dirigido por De Sicca, Pietro Germi... ali na minha rua.

Naquele começo dos anos de chumbo, exatamente em 1964, ele desembacava na pequena cidade no interior do Ceará, como 1º Bispo Diocesano, e iniciaria sua luta pelos direitos dos excluídos durante o regime militar. Até 1998, a passagem de Dom Fragoso em Crateús é marcada pelos ensinamentos para quem conviveu ao seu lado, pela experiência na organização dos trabalhadores rurais em sindicatos e nas Comunidades Eclesiais de Base. Foi perseguido pelos militares, preso em 1968, vigiado e hostilizado pela hipocrisia da sociedade conservadora com seus ternos de linho branco no calor do sertão.


Para contar a vida desse brasileiro, o cineasta Francis Vale realizou o documentário longa "Dom Fragoso", que será exibido pela primeira vez aqui em Brasília, amanhã no Centro Cultural de Brasília, 601 Norte, às 19h30, entrada franca, com a presença do diretor para um debate após a sessão. O filme faz parte do evento semanal Cine-Fórum, insere-se na programação de comemoração dos 50 anos do Concílio Ecumênico Vaticano II, onde já foi exibido no começo do mês outro bom filme, "Dom Helder, o santo rebelde", de 
Érika Bauer.

A quem interessar possa, mais informações no site do CCB:
http://migre.me/b9XH5

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