quinta-feira, 19 de julho de 2012

después...

Ainda em transe "después" da peça...

A montagem da diretora argentina Lola Arias é um viés diferente do que se vê em teatro. Em "Mi vida después", apresentada ontem no Teatro Plínio Marcos - Funarte, dentro da programação do Cena Contemporânea, o real se funde com o real, o poético se reconstrói na prosa das lembranças. Pra sacação de pegar seis atores nascidos na década de 70, todos filhos de ex-combatentes da ditadura militar argentina e até de informantes do regime, é preciso muita destreza em cascavilhar a juventude dessa memória. E a diretora tem sensibilidade pra isso. 

Fotos, objetos, fitas cassetes, roupas, cartas, papéis... tudo é tirado e revirado da história de cada um, que é a história de muitos, que é a dor de um país. A vida depois se cruza no palco sem limite de realidade e ficção. A montagem é dinâmica, fundem-se o proposto e o improviso, sem perder o tempo para percepção, para reflexão. A narrativa é espirituosa para que se possa através da leveza entender o que se passou e pesou. 

Em "Mi vida después" não há personagens: há pessoas.

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