foto Deisy Jesini
Hoje:
47 anos do golpe militar no Brasil. Não há motivos para comemorar. Pelo
menos do lado de cá. Os reacionários, conservadores, ultra-direitistas,
fundamentalistas de idéias conservadores devem estar saudosos.
Foram 20 anos de trevas sobre o país até os primeiros raios de luz das Diretas Já. Da "ditadura técnica" do abjeto Collor até a esperança de Lula chegamos a uma democracia. Não
é a democracia que queremos, que sonhamos, mas é uma democracia, e
mesmo com os defeitos, que precisamos combatê-los, o país é uma
república federativa presidencialista.
Vivemos duas décadas de
arbitrariedades, de prisões, de torturas, de mortes, de "suicídios", de
corpos em valas comuns, sumidos, jogados ao mar. Há mais de quarenta
anos que pais não têm seus filhos de volta, que filhos não conhecem seus
pais, que brasileiros perderam o passado em cárceres e ainda ecoam em
seus ouvidos a ira de seus carrascos. A tortura como instrumento do
Estado, e não da lei, foi uma marca registrada do governo militar.
Em
1998 realizei um filme curta-metragem, "O último dia de sol",
ambientado nesse período. Com roteiro a partir de lembranças minhas
sobre o meu pai e histórias que ouvia, o filme se passa na madrugada de
1º de abril de 1964, quando um militante político foge com a mulher e o
filho pequeno numa pequena cidade do interior cearense. Filmei em
preto-e-branco, em película 35mm, com atores e técnicos de Brasília,
Fortaleza e Rio, na pequena cidade de Baturité, a 100 quilômetros de
Fortaleza, reconstituindo a época e revisitando as emoções. Foram dois
anos entre filmagem e montagem, e junto a alegria de fazer cinema, de
ouvir o toque da claquete e gritar "ação!", as dificuldades inerentes,
principalmente de orçamento.
Neste 31 de março, a minha
homenagem aos que lutaram contra a Ditadura Escancarada (aproveitando o
título do livro de Elio Gaspari)
2 comentários:
amém, nirton! nunca mais!
Nirton, por mais difícil que possa parecer o presente, é muito bom termos a certeza de que não queremos retroceder no tempo, muito menos aos períodos ditatoriais.
Parabéns pelo texto.
Abraços,
Soninha
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