sexta-feira, 26 de maio de 2006

um surpreendente diretor

Tommy Lee Jones em "Três enterros". foto The Javelina Film Company

"Eu o assisti inúmeras vezes e Sam teve muita influência em minha carreira, bem como Kurosawa e Godard de 'O demônio das onze horas'"

O ator e agora diretor Tommy Lee Jones sobre sua estréia com "Três enterros" (The three burials of Melquiades Estrada). O filme a que ele se refere é "Tragam-me a cabeça de Alfredo Garcia" (Bring me the head of Alfredo Garcia), dirigido por Sam Peckinpah (1926 - 1984), em 1974. Logo nas primeiras cenas de "Três enterros" já dá para sentir a forte influência desse cineasta que ficou conhecido como o "poeta da violência".

Baseado numa história real sobre um jovem mexicano assassinado durante uma patrulha antidrogas realizada pelos soldados e policiais americanos, o filme é de uma beleza e sensibilidade surpreendentes, principalmente por se saber do gênio irascível característico de Tommy Lee Jones. Com roteiro escrito por Guillermo Arriaga, o mesmo de "Amores brutos" e "21 gramas", o filme narra a travessia de um vagueiro do Texas até o México para enterrar o seu amigo Melquíades na terra natal, como prometera. Pete, o vagueiro interpretado pelo próprio Lee Jones, obriga o guarda de fronteira, que matou o mexicano por descuido, a acompanhá-lo nessa missão. O cadáver se decompondo, a paisagem seca e os policiais perseguindo, tornam a travessia dramática, realçada pelo bela e crespuscular fotografia de Chris Menges, e, claro, a direção segura de Tommy Lee Jones. No Festival de Cannes do ano passado ganhou merecidamente o prêmio de melhor ator, além de roteiro.

Abordando traços sobre amizade, vingança e redenção, o filme faz também críticas à maneira bruta como os Estados Unidos tratam os imigrantes ilegais.
Junto com o roteiro, o elenco recebeu um exemplar de "O estrangeiro", de Albert Camus. O diretor queria que os atores sentissem a sensação de alienação e abandono que queria passar com o filme.

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