
Robert Bresson (1907-1999), cineasta francês, lembrando que o cinema é essencialmente o silêncio da luz e da cor, e que a palavra e a música serão sempre bem-vindas quando a imagem primeiro falar por si. Bresson seguiu à risca sua concepção genuína de cinema em doze longas que dirigiu, o que lhe valeu a "sentença" de autor de filmes secos, para agradar os críticos e afastar o público. Nem uma coisa nem outra. "Pickpocket" (1959), por exemplo é um filme que tem um clima de tensão tão bem construído que é impossível o espectador não se prender diante da ação. E a tensão está no que não ocorre nas cenas: ela impulsiona no que se percebe, no que é sugerido. O roteiro, simples e preciso, conta a história de um homem desempregado, amargurado e depressivo, que tenta a sorte nas ruas de Paris roubando bolsas e carteiras. Godard dizia que "Bresson é cinema francês, assim como Mozart é música alemã e Dostoiévsky é literatura russa", talvez por "Pickpocket" ser da época em que a Nouvelle Vague dava seus primeiros passos na tela. Para mim, Bresson é cinema, assim como Fellini, De Sica, Glauber, Roberto Santos, Ford, Buñuel...