quarta-feira, 26 de outubro de 2022

o termo saudade


Hoje, 76 anos de nascimento do cantor e compositor Belchior, que em 2017 ficou encantado com uma nova invenção. De Santa Cruz do Sul, no Rio Grande, pro sertão de Sobral, no rio Acaraú – fazendo o caminho inverso e parafraseando uma de suas canções - se engane não, tem, meu irmão, muito baião de dois lugares e no meio muito chão de história.

A saudade estampada pelos muros do país com o “volta, Belchior” e o seu direito de “deixem que eu decida a minha vida”, fizeram o escritor Ricardo Kelmer organizar e publicar em 2016, pela Miragem Editorial, o livro Para Belchior com amor, reunindo 14 textos de vários autores, inspirados em canções do rapaz latino-americano. Soube-se depois que a publicação chegou às mãos do merecidamente reverenciado. “Leu e gostou”, expressa com alegria e gratidão Ricardo Kelmer.
A tiragem logo se esgotou. Visando uma necessária nova edição, Kelmer e o poeta Alan Mendonça, através da sua Editora Radiadora, organizaram um novo volume. As 96 páginas de 2016 multiplicaram-se em 132 em 2022, com textos inéditos, com mais reverências e referências de 23 autores, que são, de certa forma, alusões, parâmetros e representações da importância poética do cantor na vida de milhares de fãs, admiradores, pesquisadores. O canto torto no que a alma deseja.
O livro foi lançado em agosto na sede da Radiadora, em Fortaleza, e seguiram-se outros lançamentos na capital e em cidades do interior. Belchior revisitando lugares, ouvindo suas canções em diversas vozes, tomando um gole de cerveja em nosso copo e nesses bares, sem deixar o cigarro se apagar pela tristeza.
Hoje, a partir das 19h, celebrando a data, Para Belchior com amor será lançado no Abaeté Boteco, na capital cearense. A banda Nordeste S/A fará um tributo com as clássicas canções do grande cantador das coisas do porão e também da luz, pois como ele bem anunciava, é dia, é de manhã, o sol já vem, here comes the sun. O novo sempre vem, e em cada pessoa, que é maior do que qualquer canto, inaugura-se a vida comovida, inteiramente livre e triunfante. Os cães fascistas da rua não vão nos impedir de sermos felizes, e acabar logo com essa história porca no próximo dia 30.
Participo dessa edição com a crônica Tempos de barbárie dissertando sobre a canção “Baihuno”, parceria de Belchior e Francisco Casaverde. Resgato dos meus arquivos uma premonitória entrevista que o cantor deu ao jornal Correio Braziliense, por ocasião do lançamento do disco homônimo, em 1993. Lembro o meu encontro com ele na cidade, quando segui pelas ilhas cheias de distâncias, que é Brasília, em direção ao show na Sala Martins Pena do Teatro Nacional. Revi e conversei com amigo conterrâneo, que sob as luzes sem medo de nada, cantou e contou histórias talvez iguais as minhas, jovem que também desceu do Norte pra cidade grande.
Até parece que foi ontem sua mocidade.

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