Repostando e atualizando para que sempre lembremos:
"Foi sacanagem a forma que me expulsaram do Itamaraty!", desabafou o poeta Vinicius de Moraes, lá pelos anos 70, a respeito de sua saída compulsória, definitiva e sumária dos quadros do Ministério das Relações Exteriores na época da ditadura.
Após 26 anos de serviços prestados ao Itamaraty, o poeta foi "aposentado" pelo regime militar em 1968, já como resultado da promulgação do AI-5. O general-presidente de plantão, Costa e Silva, exigia o desligamento do serviço público de "bêbados, boêmios e homossexuais". Brincalhão, Vinicius disse "eu sou o bêbado." O ministro Magalhães Pinto foi curto e grosso: "demita esse vagabundo!"
Com a exoneração, o poeta ficou muito magoado e deprimido. Extravasou seus sentimentos na poesia e na música.
Na língua nagô, a expressão "na tonga da mironga do kabuletê", segundo o Novo Dicionário Banto do Brasil, de Nei Lopes, 2003, significa 'força' (tonga), 'feitiço' (mironga), 'sujeito desprezível' (cabuleté). O poeta usou a sequência dos vocábulos na letra da canção homônima como um xingamento, pela sonoridade, mais pelo valor sugestivo que semântico. Algo como "vão todos à merda!" Curto e diplomático.
A letra foi musicada por Toquinho e gravada por Monsueto, Wilson Simonal e pelos autores na década de 70 – Toquinho, esse mesmo que no final do ano passado, após resultado das eleições, declarou apoio ao abjeto "capetão" e ao tal do excrescente juiz interceptado.
Em 2010, em Brasília, Vinicius foi promovido pelo então chanceler Celso Amorim, durante o governo Lula, à condição de Embaixador do Brasil, com a presença de parentes e amigos.
Em algum cantinho, em bom lugar, o nosso eterno poetinha deve estar curtindo, com seu uisquinho, essa tardia reparação, ao lado de Tom Jobim e do recém chegado João Gilberto.
39 anos hoje que ele se foi. E por ser imortal posto que é chama, peço-lhe a benção, meu mestre.
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