Em meados dos anos 90 a cantora Amelinha encontrou com Belchior nos bastidores de uma emissora de televisão em São Paulo. Na alegria das conversas abraçadas de conterrâneos quando se encontram, o cantor comentou que gostaria muito de ouvir na voz dela uma canção que gravou em 1987, De primeira grandeza, no disco Melodrama.
O tempo passou. Em 2000 a cantora pensou em incluir a canção no CD Ednardo, Amelinha & Belchior - Pessoal do Ceará, mas não cabia dentro da proposta do disco.
Belchior sumiu em seu exílio voluntário e voltou de uma forma que não desejávamos. “Fiquei sete dias muda, quieta, chocada e com um vazio enorme no meu peito”, disse Amelinha, expressando um sentimento de todos nós.
Em agosto de 2017, quatro meses depois da morte de Belchior, a convite do produtor Thiago Marques Luiz, Amelinha segue para a cidade Piracaia, São Paulo. No Estúdio Canto da Coruja, situado num bucólico sítio, passa quatro dias gravando o álbum “De primeira grandeza – as canções de Belchior, com direção musical de Estevan Sincovitz. O disco é belíssimo, um dos melhores de Amelinha, com sua voz cada vez mais afinada e anímica. Estão lá dez canções preciosas, incluindo uma das poucas conhecidas de Belchior, Incêndios, parceira com Petrúcio Maia, gravada por Fagner no disco Romance no deserto, 1987.
Belchior estava certo na intuição: a interpretação de Amelinha em De primeira grandeza é de uma beleza e simetria impressionantes, condizendo com a letra quando o autor diz “Quando eu estou sob as luzes / não tenho medo de nada / e a face oculta da lua - que é a minha! / aparece iluminada. / Sou o que escondo - sendo uma mulher / igual a tua namorada / mas o que vês quando me mostro – estrela / de grandeza inesperada.”
Hoje é aniversário de Amelinha. Ontem estreou em Niterói o show com as canções de disco. Um presente de primeira grandeza de Belchior para a amiga.
Parabéns pelo seu dia todos os dias, Amelinha, flor da paisagem das canções cearenses nordestinamente brasileiras.
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