Na fria madrugada de 13 de agosto de 1961, iniciou-se a mais imbecil construção do homem: o Muro de Berlim, separando a Alemanha em Oriental e Ocidental.
Durante os 28 anos de existência, o muro, com seus quase 70km de extensão, separou não somente um país, mas polarizou o mundo, no que Drummond chamou de "tempo de homens partidos".
Na onda revolucionária que se propagou no Bloco do Leste, em 1989, o muro foi destruído, cortina de ferro rasgada, com a euforia de multidões de alemães dos dois lados, que se reencontraram, e dessa forma simbolizando e manifestando um novo tempo, porque, "os lírios não nascem das leis" - recorrendo mais uma vez ao poeta de Itabira.
Hoje é feriado na Alemanha, comemora-se a reunificação oficial da antigas Oriental e Ocidental, o Dia da Unidade Alemã, quando foi oficialmente assinada a adesão das duas Repúblicas. A celebração nacional seria 9 de novembro, data da queda do muro, mas o dia remete também à fatídica Noite dos Cristais de 1938, quando os nazistas atacaram sinagogas, lojas e residências de judeus.
Um filme interessante sobre a reunificação é Adeus, Lênin! (Good bye, Lenin!), de Wolfgang Becker, 2003. Com narrativa de comédia dramática, o enredo, quase uma fábula, conta a história de uma professora que sofre um infarto durante as manifestações contra o regime socialista, recupera-se, e ao despertar oito meses depois, não sabe que a Alemanha agora é uma só. O filho, ciente que a mãe é “casada com a pátria socialista”, e temendo por sua saúde, cria em volta um mundo artificial da Berlin Oriental, exibindo até programas antigos da televisão como se fossem atuais.
Há muros e "muros" ainda para serem derrubados, dentro de nós e lá fora. Há o meu lado e o teu. Isso e aquilo. "Tudo tão difícil depois que vos calastes... / E muitos de vós nunca se abriram", citando outra vez Drummond, em seu preciso e precioso poema Nosso tempo.
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