segunda-feira, 16 de outubro de 2017

incenso de bombas

O ataque terrorista em Mogadíscio, capital da Somália, sábado passado, deixou até agora 276 pessoas mortas e mais de 300 gravemente feridas. Foi o pior ataque na história do pequeno país do oriente africano.
O grupo jihadista Al Shabab, ligado à Al-Qaed, que tenta derrubar o governo central apoiado pela ONU e pela União Africana, explodiu dois caminhões-bomba próximos a um hotel e um movimentado mercado.
Em tempos remotos, a Somália foi um dos países mais prósperos no comércio de incenso, mirra e especiarias para o resto do mundo. O Egito faraônico foi o maior importador desses itens considerados luxuosos.
Historicamente é um país de resistência aos impérios europeus, que ao longo dos anos derivou em constantes guerras civis, instabilidade política e muita pobreza. Franceses, britânicos e italianos estabeleceram domínios na região nos séculos 19 e 20.
A guerra entre grupos organizados dentro do mesmo Estado-nação somali, na década de 90, fez o Estados Unidos marcar presença com sua mania de xerife do mundo. George H. W. Bush, o pai, enviou uma tropa de elite com a finalidade de capturar generais que obedeciam ao líder Mohammed Farah na chamada Batalha de Mogadíscio. O que o governo em Washington calculava tudo resolvido em uma meia hora, durou um tiroteio de mais de 15 horas. A operação foi um fiasco, e deixou mais de mil mortos entre somalianos e soldados estadunidenses.
Os roteiristas hollywoodianos deram a sua versão heroica no filme dirigido por Ridley Scott, Falcão Negro em perigo, em 2001, tradução no Brasil para Black Hawk down, em referência aos dois helicópteros UH-60 abatidos.
Mas o ataque letal desse final de semana não despertará interesse para mais uma produção para se assistir no conforto dos multiplexes. Falta, para os roteiristas, um "leitmotiv" mais atraente nessa ópera apocalíptica.
Assim como não gerou comoção nas redes sociais, com fotos trocadas nos perfis. A Somália não é a França.

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