"Je connais mes limites, c'est
pourquoi je vais au-delá", costumava dizer o cantor, compositor, ator,
cineasta, sedutor, amante de tantas mulheres, marido de sua musa Jane
Birkin, pai de Charlotte Gainsbourg, a cultuada atriz de Ninfomaníaca.
Gainsbourg, que faria hoje 87 anos, "foi mais além" aos 62 anos,
tranquilão na certeza que ao saber dos seus limites, fez tudo que
queria. Pode-se dizer que ele converteu a tradicional chanson francesa
ao universo pop da música, com suas
letras ousadas, polêmicas, com sua interpretação sussurrante, como
estivesse à meia-luz e por inteiro numa alcova, num pub, entre a
sensualidade de suas deusas, seus cigarros Gitanes, seus goles de
Bourbon, e outros venenos antimonotonia e tais.
De certa forma, Gainsboug com seus traços de anjo torto, de dândi
enviesado, revelou um lado furtivo da sociedade francesa naqueles
pulsantes anos 60, 70. A beleza de suas músicas, refletivas em quase 30
discos, vai além da clássica canção de amor implícita, Je t’aime moi
no plus. Gainsbourg construía uma espécie de labirinto de imagens com
seu tempo poético, um caleidoscópio de sons sofisticados na simplicidade
da narrativa.
Ele conhecia seus limites, por isso arriscava. “Je vais, je vais et je viens”, com diz a letra de Je t’aime...