Em 1993 assisti a um dos últimos shows de
Sérgio Sampaio (1947-1994), no bar Feitiço Mineiro, aqui em Brasília.
Foi uma satisfação realizada ver, ouvir e falar com um dos artistas que
mais admiro. Um dos meus queridos anjos
tortos. Entreguei-lhe um poema de paixão escrito ali num guardanapo,
respingado de caipirinha e algumas furtivas lágrimas de alegria. Ele
autografou o seu primeiro elepê que levei, admirado e surpreendentemente
tímido. Não imaginaria que partiria no ano seguinte. Ninguém imagina
esses incômodos, principalmente de quem se ama.
No show de Luiz Melodia em Brasília, quarta-feira passada, ele cantou muito especialmente uma das belas canções de Sérgio Sampaio, a confessional "Que loucura". Emocionante. Os dois eram grandes amigos. Para ele, Sérgio compôs "Doce melodia", na verdade criada e cantada por eles, gravada no excelente álbum "Sinceramente", que o cantor capixaba gravou em 1982.
Sérgio
Sampaio, aquele que queria botar o bloco na rua, nunca fez concessão às
exigências e burrice de alguns setores da música brasileira. Anos-luz à
frente de muitos, com sua música e letras que são verdadeiros poemas.
Íntegro, não se entregou: morreu de parabélum na mão.
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