A atuação da atriz Simone Spoladore é um dos pontos mais fortes da peça "Depois da queda". Escrita por
Arthur Miller, mostra o relacionamento do escritor com Marilyn Monroe,
casados por cinco anos. Se Miller fez uma espécie
expurgação no texto escrito dois anos após a morte da atriz, revelando o
conturbado relacionamento com a sex symbol, Spoladore soube dissecar e,
de certa forma, desconstruir o mito, expondo no palco a fragilidade de
uma artista depressiva, insegura, autodestrutiva. Mesmo com todo o
glamour que Marilyn impõe ao longo do tempo em que estamos acostumados a
vê-la e idolatrá-la, a construção dramática da excelente atriz
curitibana, sem retoques de Andy Warhol, não poupa o lado verdadeiro e
humano da personagem, sem deixar de mostrar, claro, a Marilyn
carismática, sedutora e ingênua.
Se há um problema na peça é
sua duração de quase três horas. O primeiro ato, onde são apresentados o
perfil e a história de Miller, é desnecessário. Quando Marilyn entra no
final da primeira parte, a peça poderia começar daquele momento. Miller
não perderia valores de sua descrição. Ele por si está ali contruído.
Ele como fio condutor da peça, dispensa maiores apresentações. Marilyn
já vem com outra Marilyn, e Spoladore, linda, diáfana, com seu olhar
pisciano, está lá para apresentá-la, com toda crueza e sinceridade
necessárias.
Em cartaz no CCBB Brasília, o pecado mora ao lado até amanhã, dia 11.
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