o cavalo do artista

Nesses
dias de babação aos filminhos do Oscar e deslumbramentos histéricos aos
modelitos esquisitos das estrelas, um filme merece ser lembrado para
desintoxicar a mesmice latente.
O húngaro "O cavalo de Turim"
(A torinói ló), estava na pré-seleção para concorrer na categoria de
Melhor Filme de Língua Estrangeira. Esse páreo é o que tem de melhor na
feira moderna do "seu" Oscar.
Em Turim, no ano de 1889, nada menos do que Friedrich Nietzsche protege
um cavalo que é brutalmente espancado pelo seu dono, numa praça. O
filósofo abraça-se ao pescoço do animal, em prantos. De volta à sua
casa, Nietzsche então permanece imóvel e em silêncio durante dois dias
estendido em um sofá, até que pronuncia as definitivas palavras finais:
“mãe, eu sou um idiota”. E vive por mais dez anos, mudo e demente, sendo
cuidado por sua mãe e suas irmãs. Não se sabe que fim levou o cavalo.
Esse é ponto de partida do filme "O cavalo de Turim", e o que aconteceu
com o animal socorrido é o tema desenvolvido pelo cineasta Béla Tarr
nesse belíssimo exemplar de cinematografia.
Filmado em
preto-e-branco, o filme tem uma pontual escassez de diálogos que chega
ser quase mudo. Não precisaria de diálogos. As imagens são grandiosas,
cada cena é de uma perfeição extasiante. A plasticidade exposta catalisa
reflexões no que poderia ser apenas um exercício contemplativo
provocado pelos longos planos.
Premiado no último Festival de
Berlim e exibido no Indie Festival 2011 em São Paulo, o filme não tem
previsão de lançamento no Brasil. E como não entrou na disputa do Oscar,
as chances se restringem a mostras paralelas.
Fotografia em
preto-e-branco, sem diálogos, o grande vencedor na noite do Oscar "O
artista" é um rascunho bobo diante de "O cavalo de Turim".
Um comentário:
valeu a dica!
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