terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

o cavalo do artista

Nesses dias de babação aos filminhos do Oscar e deslumbramentos histéricos aos modelitos esquisitos das estrelas, um filme merece ser lembrado para desintoxicar a mesmice latente.

O húngaro "O cavalo de Turim" (A torinói ló), estava na pré-seleção para concorrer na categoria de Melhor Filme de Língua Estrangeira. Esse páreo é o que tem de melhor na feira moderna do "seu" Oscar.

Em Turim, no ano de 1889, nada menos do que Friedrich Nietzsche protege um cavalo que é brutalmente espancado pelo seu dono, numa praça. O filósofo abraça-se ao pescoço do animal, em prantos. De volta à sua casa, Nietzsche então permanece imóvel e em silêncio durante dois dias estendido em um sofá, até que pronuncia as definitivas palavras finais: “mãe, eu sou um idiota”. E vive por mais dez anos, mudo e demente, sendo cuidado por sua mãe e suas irmãs. Não se sabe que fim levou o cavalo. Esse é ponto de partida do filme "O cavalo de Turim", e o que aconteceu com o animal socorrido é o tema desenvolvido pelo cineasta Béla Tarr nesse belíssimo exemplar de cinematografia.

Filmado em preto-e-branco, o filme tem uma pontual escassez de diálogos que chega ser quase mudo. Não precisaria de diálogos. As imagens são grandiosas, cada cena é de uma perfeição extasiante. A plasticidade exposta catalisa reflexões no que poderia ser apenas um exercício contemplativo provocado pelos longos planos.

Premiado no último Festival de Berlim e exibido no Indie Festival 2011 em São Paulo, o filme não tem previsão de lançamento no Brasil. E como não entrou na disputa do Oscar, as chances se restringem a mostras paralelas.

Fotografia em preto-e-branco, sem diálogos, o grande vencedor na noite do Oscar "O artista" é um rascunho bobo diante de "O cavalo de Turim".

Um comentário:

Paulo Kauim disse...

valeu a dica!