
Veja.
Sábias palavras do cineasta Luigi Comencini, que faleceu semana passada, aos 91 anos.
Comencini foi um dos mestres da chamada comédia italiana. Em seus filmes se consagraram atores como Alberto Sordi, Ugo Tognazzi e Vittorio Gassman.
Mas o cinema de Comencini sempre me lembra atrizes belíssimas como Gina Lollobrigida, Silvana Pampanini, Catherine Spaak, Senta Berger, Claudia Cardinale, Laura Antonelli, Stefania Sandrelli, Silvana Mangano, Monica Vitti, Virna Lisi e várias outras.
O cineasta Carlos Reichenbach, um apaixonado pelo cinema italiano como eu, prestou uma bela homenagem em seu blog.
"Filme: O Rei Leônidas, de Esparta, quer guerrear contra a Pérsia, embora o político espartano Theron prefira uma saída diplomática para o impasse ao qual chegaram as duas nações. Tentando legitimar sua atitude bélica, Leônidas recorre então a uma espécie de Conselho de magos e anciãos, como que pedindo permissão e 'benção' para o ataque. O Conselho rejeita. Leônidas desobedece a todos e parte para a guerra assim mesmo.
Realidade: Bush quer invadir o Iraque. Setores moderados do governo propõem outras saídas. A ONU não permite. Bush invade assim mesmo, desrespeitando abertamente o Conselho de Segurança das Nações Unidas."
"Filme: Em determinado momento da guerra, o povo Árcade, mostrado desde o início do filme como uma nação cheia de boa vontade, mas fraca como guerreiros, abandona Leônidas e o exército Persa à sua própria sorte, quando as coisas começam a ficar mais complicadas.
Realidade: Bush nunca escondeu o seu repúdio contra os países que se uniram ao EUA nos primeiros ataques ao Iraque, e que depois foram reduzindo ou até mesmo zerando seus homens no campo de batalha. O próprio ministro britânico Tony Blair, pressionado pela opinião pública, reduziu seus homens no Iraque, no mesmo momento em que Bush solicitava o envio de mais tropas."
"Filme: Leônidas vai a guerra e deixa com sua esposa, a rainha Gorgo, a missão de fazer com que os políticos espartanos obtenham permissão para o envio de mais soldados, enquanto os famosos “300” seguram as pontas no campo de batalha.
Realidade: Como Bush, em pessoa, não vai ao campo de batalha, ele não precisa delegar essa missão a ninguém, mas o presidente dos EUA solicita repetidamente verbas e mais verbas para dar continuidade à sua guerra. Recentemente, em janeiro, ele pediu mais US$ 100 bilhões para dar prosseguimento à ocupação do Iraque."
Trechos da mais pertinente das críticas que li sobre "300" (300), produção americana dirigida por Zack Snyder, esse filme imbecil, equivocado, que banaliza a violência com argumento de um relato histórico, a batalha de Termópilas, ocorrida na Grécia antiga, mais exatamente em 480 a.C. O roteiro foi diretamente baseado nos quadrinhos, ou graphic novel, de Frank Miller, publicada em 1998.
No Brasil, o filme se destaca pela presença de Rodrigo Santoro no elenco, na pele do rei Xerxes.
Melhor é a produção de 1962, "Os 300 de Esparta" (The 300 spartans), dirigida pelo polonês de nascimento Rudolph Maté, com Richard Egan fazendo o rei Leônidas e David Farrar no papel que coube ao ator brasileiro. Ali os espartanos não estão reproduzidos digitalmente. É mais cinema. É possível encontrar em vhs ou dvd em alguma locadora que se preze.
As "mensagens cifradas" acima são observações do jornalista e crítico Celso Sabadin, no site Planeta Tela. Texto completo aqui.
Trecho da crítica de Marcelo Miranda na página Digestivo Cultural. Texto completo aqui, com direito a trailer. Quem viu o filme e gostou vai igualmente gostar da análise afiada do Marcelo. Quem não viu o filme, uma dica: entre e sai perturbado. Vale a pena. "O cheiro do ralo" é um filme ímpar.
Em tempo: a estampa do paraíso na foto acima é da atriz Paula Braun.
Hermila Guedes, atriz com atuação inesquecível no ótimo "O céu de Suely", de Karim Aïnouz. Apesar das dificuldades confessas, a pernambucana nascida em Cabrobó, está em mais de uma peça no Festival de Teatro de Curitiba: "Três viúvas de Arthur" (foto), atração de Recife que integra a mostra oficial, "Angu de Sangue" e "Ópera", na programação paralela.
Dirigida por Kleber Lourenço, a montagem "Viúvas" reune três textos do considerado primeiro comediógrafo brasileiro, Arthur Azevedo (1855 - 1908), "A consulta", "O oráculo" e "Amor por Anexins", onde Hermila atua. As outras duas peças têm direção, respectivamente, de Marcondes Lima e Newton Moreno.
Depois de interpretar Elis Regina no especial da Globo, "Por toda a sua vida", ano passado, Hermila foi convidada para o elenco da próxima novela das oito, seguindo a "trajetória" de atores como Lázaro Ramos, Wagner Moura, e outros que se destacaram em filmes excelentes de pequena produção. Eu sou cismado com televisão, e desejo que Hermila se dê bem e se preserve na chamada pequena telinha.
O bom mesmo é aguardá-la no cinema, em dois filmes que serão lançados em breve, "Baixio das bestas", de Cláudio Assis, e "Deserto feliz", de Paula Caldas, onde se declara isoladamente mais à vontade.