sábado, 4 de março de 2023

as notas e os traços de cada dia


Fotos: Acervo Sueli Costa e Silvio Tanaka

"Por mais que busquemos aceitar a morte, ela nos chega sempre como algo de imprevisto e terrível, talvez devido seu caráter definitivo: a vida é permanente transição, interrompida por estes sobressaltos bruscos de morte".
- Trecho de uma carta do educador Anísio Teixeira enviada em janeiro de 1971 ao amigo Fernando de Azevedo, ensaísta e sociólogo, em Belo Horizonte.
Lembrei-me dessas palavras ao ler a notícia das mortes da compositora Sueli Costa e do cartunista Paulo Caruso nesta manhã de sábado.
“A Indesejada das gentes” que Bandeira definia em Consoada e anoitece para sempre nossos eus nos outros, nos faz desejar uma pausa, como a frase inicial de As intermitências da morte, de Saramago: "No dia seguinte ninguém morreu”, um ponto de partida para a divagação sobre a vida e o sentido, ou a falta dele, da nossa existência.
Que as notas musicais de Sueli e os traços de Caruso aliviem os sobressaltos bruscos e nos preencham de sentido a permanente transição de cada dia. 

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