Na fé cristã, a Páscoa é a comemoração do fundamento e da crença que Jesus morreu e ressuscitou no terceiro dia.
A Igreja Católica, lá nos primórdios, preocupada em tornar o Cristianismo mais atraente para os ditos não-cristãos, misturou a ressurreição de Jesus com rituais de fertilidade que ocorriam na primavera, e ovos e coelhos simbolizam a fecundidade, multiplicação, abundância.
É curioso como na grandiosidade de uma peça estejam marcados em suas cores, o símbolo, a história e significados de transformação, de mudança, de renascimento.
Um terremoto na cidade Tolentino, Itália, por volta do final do século 18, atingiu a Basílica de São Nicolau, onde estava o quadro, por detrás do altar. Foi recuperado, renascido, elevado aos céus para a humanidade. A obra ressuscitada.
Em 1947, o historiador e colecionador Pietro Maria Bardi criou, junto com o jornalista Assis Chateaubriand, o Museu de Arte Moderna de São Paulo. Bardi, que nasceu na mudança de um século, 1900, e faleceu na passagem de outro, 1999 – mais uma vez, o renascimento - foi diretor da instituição por dedicados 45 anos. Em 1954 adquiriu, através de leilão, o quadro de Rafael Sanzio para o Museu.
O belo e magnetizante óleo sobre madeira, de pouco mais de 50 cm de dimensão, exposto em cavalete de cristal, é a única obra do pintor italiano não somente no Brasil, mas em todo o hemisfério sul. Outra vez renascida em nova casa.
Rafael Sanzio nasceu em um 6 de abril, e na simetria e renascimento do tempo, faleceu também em um 6 de abril, de 1520, aos 37 anos. Cinco séculos e dois anos neste mês de sua passagem. O quadro está ali na parede do Museu na capital paulista, sob a estranheza destes tempos de vírus ainda no ar, de verme ainda no planalto central do país.
Ressurreição de Cristo exprime mudança, renascimento, transcurso no tempo e no espaço. Que a fertilidade da fé ilumine e multiplique na prática a sabedoria na cabeça dos homens. Precisamos urgentemente renascer deste caos sanitário e político em que vivemos.
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