sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

sou sereno poeta muito soturno


Noel Rosa viveu apenas 26 anos e cinco meses, de boemia e poesia, dos 110 que hoje completam do seu nascimento.

Ele foi um dândi enviesado, um irreverente com suprema inteligência, no começo de um século reverencioso aos bons costumes do lugar. Rosa que atravessava a noite e curtia a vida.
Noel Rosa: Uma Biografia, de João Máximo e Carlos Didier, lançada em 1990 e logo recolhida pelas sobrinhas herdeiras do compositor, é o mais completo relato da vida do artista. O livro foi proibido através de ações judiciais, alegando desrespeito à vida privada da família, possivelmente por mencionar os suicídios da avó e do pai de Noel.
O texto é primoroso, com a elegância que o biografado merece.
* verso da canção Três apitos, que Noel começou a compor em 1931, burilou a letra ao longo do ano seguinte, e em 1933 a considerou finalizada. Ficou guardada por vinte anos. Em 1951, a cantora Aracy de Almeida grava em seu disco Feitio de oração, com arranjos de Radamés Gnatalli.
Aracy cantou as mais emblemáticas composições do "anjo torto" de Vila Isabel, Com que roupa, Último desejo, O X do problema, Não tem tradução, Palpite infeliz, O orvalho vem caindo, com Kid Pepe, Conversa de botequim, Feitiço da Vila, Pra que mentir, Feitio de oração, estas em parceria com Vadico.
Em 1936, em uma de suas raras entrevistas, à revista A Pátria, o poeta muito soturno declarou que "Aracy de Almeida é, na minha opinião, a pessoa que interpreta com exatidão o que eu produzo".

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