"Descubra a razão que lhe comanda a escrever, veja se ela já espalhou suas raízes pelas profundezas do seu coração, confesse a si mesmo se você preferiria morrer caso lhe fosse proibida a escrita. (...) Ser um artista significa não contar ou dar número às coisas, mas amadurecer como uma árvore, que não exaure sua seiva, e se mantém confiante nas tempestades da primavera, sem jamais temer que o verão não chegue. Ele chega."
- Rainer Maria Rilke, em Cartas a um jovem poeta, publicação póstuma, 1929.
No início do século 20, um jovem oficial militar austríaco, Franz Xaver Kappus, que gostava de escrever poemas, contos, remeteu à Rilke vários de seus originais, pedindo-lhe uma opinião. Rilke também ainda era jovem, tinha 37 anos, mas já um escritor renomado, com quatro livros publicados, cheio de vivências, dores e alegrias na escrita e na vida. Tinha pleno domínio do que lhe conduzia no tempo e na literatura.
Em atenção ao pedido de análise do jovem poeta, se seus poemas seriam bons ou ruins, Rilke respondeu-lhe que não poderia avaliar, pois “nada está mais afastado de uma obra de arte do que as palavras de uma crítica: elas sempre terminam em desentendimentos mais ou menos desafortunados". Preferiu dar conselhos, refletir sobre o ato de escrever, partindo mesmo de sua própria experiência. E assim, iniciou-se uma série de cartas ao jovem oficial, que se estendeu por um período de seis anos.
Após o falecimento de Rilke, em 1926, Kappus reuniu todas as cartas recebidas e por sua conta bancou a edição obra. "Quando se manifesta um dos grandes, que só tão raramente aparecem pelo mundo, os pequenos devem se calar, e escutar”, diz o jovem poeta na abertura do livro.
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