Exímio leitor de imagens, o fotógrafo e professor Miguel Freire, dirige a atenção no livro Fotografia Getuliana para a produção foto-cinematográfica brasileira do período do Estado Novo, identificando em seus produtos traços que, no mínimo, apontam para uma vontade de aproximar-se do tratamento estético conferido a peças de propaganda política, na Alemanha do 3º Reich.
O livro foca o papel das imagens na composição da retórica do poder, isto é, na construção de suas narrativas, por extensão enfocando também ao papel da arte na sociedade.
O exame rigoroso das fontes primárias, aliado ao vasto conhecimento teórico e prático do campo da fotografia que Miguel Freire acumulou ao longo de sua trajetória, faz de Fotografia Getuliana uma leitura indispensável para os estudiosos da história da fotografia e do jornalismo cinematográfico brasileiros. Sua importância, entretanto, ultrapassa tais limites disciplinares, contribuindo para o aprofundamento da reflexão sobre o próprio estatuto da imagem na modernidade e sobre as relações entre vanguardas, tecnologia e política.
- Vera Lúcia Follain de Figueiredo
Lançamento hoje, às 19h, no cine Brasília, dentro da programação do 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
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