Depois da abertura ontem para convidados, com a homenagem a Nelson Pereira dos Santos, o comovente monólogo de Matheus Nachtergaele ("50 anos são outros 500!"), anúncio da construção do pólo Parque Audiovisual de Brasília, exibição do longa Não devore meu coração, de Felipe Bragança, começam hoje as mostras competitivas do 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, o mais antigo do país.
Na tela do tradicional cine Brasília, filmes inéditos e retrospectivas, equipes enormes de curtas no palco, diretor que não veio e é representado pela montadora, discursos e agradecimentos intermináveis, discursos rapidinhos "espero-que-gostem-do-filme", reclamações, polêmicas, aplausos, vaias a políticos presentes, “fora Temer!” em alto e bom som, atores de filmes que estão em novelas e os cinegrafistas das TVs correndo atrás junto com os caçadores de selfies com seus iPhones e smartphones, plateia de todos as tribos, das roupinhas de grifes às tatuagens descoladas, muvucas laterais nas tendas high tech cheias de anunciantes, cervejas long neck e sanduíches com preços abusivos, pegações, ficantes, casais separados que se reencontram, gente linda, gente chata, desesperados atrás de convites pra festas com DJs da hora, entra-e-sai no hall do hotel, convidados exibindo credencial como se fosse medalha, convidado reclamando que não recebeu credencial, salão do café da manhã lotado com cineastas consagrados e curtas-metragistas desconhecidos estreando o seu décimo filme digital, oficinas com quem sabe ministrar oficinas, workshop que é a mesma coisa de oficina ministrado por quem não sabe nem de uma coisa nem de outra, perfomances sem-ver-nem-pra-quê, debates que começam atrasados porque os participantes ainda estão no café, homenageados sem nenhum motivo, homenageados tardiamente, premiações injustas, premiações certíssimas...
O Festival de Brasília é maravilhosamente histórico e histérico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário