domingo, 4 de março de 2012

drive my car

O jornal Correio Braziliense, em sua página de crítica de cinema, dá cinco estrelinhas, algo como nota máxima, para o filme "Drive", do dinamarquês acampado em Hollywood, Nicolas Winding Refn. Realmente, dentro do gênero de "filmes de ação", ele se diferencia pelo tratamento narrativo. Há umas dosagens de neurônios na decupagem de alguns longos planos introspectivos, violência na medida certa (se é que isso faz sentido), montagem bem calculada que resulta densidade e tensão nas sequências. O prêmio de melhor direção no último Festival de Cannes despertou curiosidade pelo filme.
Mas, peraí! Classificar "Drive" com nota máxima, o que sugere uma obra-prima, é de fazer tremer de indignação "Cidadão Kane", de Orson Welles, e até mesmo "Taxi driver", de Scorcese, como pretenderam comparar em termos de atualização. E o filme, já no nascedouro, está carimbado como "cult". Só faltou ser capa da Veja como "o filme do ano". É muita empolgação midiática para um trabalho apenas correto dentro de um gênero que já se vulgarizou e se repete ad nauseam nos multiplexes.
Nicolas Winding Refn está longe de um cinema inquietante como o do seu compatriota Lars von Trier. O dogma dele é outro.

4 comentários:

Ricardo Augusto disse...

Nirton tem umas ironias maravilhosas! "Dinamarquês acampado em Hollywood" é ótimo!

Luiz Carlos Lacerda disse...

No Globo, o competente Rodrigo Fonseca, critico sem preconceitos, culto, conhecedor de cinema e que sabe das coisas, elogiou muito o filme!

Luiz Bizerril disse...

Certíssimo Nirton !!!

Alexandre Marino disse...

Desconfio muito desses marketismos, Nirton. Minha última decepção em função dessas imposições da mídia foi "Cisne Negro", que faturou um monte de estatuetas. Vi o filme depois que a febre havia passado. Achei um lixo. É impressionante como a publicidade massacrante impõe essas porcarias como obras-primas. Não digo que é o caso de "Drive". Mas, se há propaganda, já desconfio.