"Não
há outra forma de se alcançar a eternidade senão afundando no instante,
nem outra forma de chegar à universalidade senão através da própria
circunstância: o aqui e agora."
Um livro com muitos trechos
sublinhados, anotações nas laterais, nas margens, com observações
endosando ou discordando, é sinal que atingiu quem leu. Tenho esse hábito. Só leio com lápis na mão.
Hoje,
ao saber da morte do escritor argentino ERNESTO SÁBATO, dei uma
folheada em seus livros e vi que todos estão devidamente com esse
registro de que o que li mexeu comigo, empolgou-me, me jogou reflexivo
diante do mundo. "O escritor e seus fantasmas", lançado em 1963,
numa edição que tenho de 1982, de onde tirei a citação acima, é o que
está mais rabiscado. O livro é um excelente ensaio sobre o que
literalmente diz o título, sobre o que provoca o escritor, sobre a razão
dos seus livros, sobre a concepção geral da literatura e da existência.
Um livro imprescindível não somente para quem escreve, como também para
quem lê.
Dos quase vinte livros que compõem a obra de Ernesto
Sábato, de "Nós e o universo", de 1945 ao seu último trabalho, ""Espanha
nos diários de minha velhice", passando pelas suas memórias, "Antes do
fim", de 1998, fica difícil escolher o melhor. Destaco o livro citado no
início pelo seu biblicismo literário, por uma questão pessoal, por eu
ter recorrido várias vezes às suas páginas.