foto Arquivo NV
Hoje
Luiz Gonzaga faria 98 anos. Os cadernos cês dos jornais
estão tecendo homenagens, chamando-o de “pop”. Pop de popular, ou seja
lá o que isso signifique, o velho Lua sempre foi um dos meus ídolos.
Não cresci ouvindo João Gilberto, Chet Baker e Leonard Cohen,
santíssima trindade, entre tantas outras, que
venero e escuto quase diariamente. Cresci ouvindo Gonzagão, Roberto
Carlos, Reginaldo Rossi... e até mesmo antes dos Beatles, as versões
enviesadas de Renato e Seus Blues Caps. Eu fui Jovem Guarda: Tropicália
depois. Eu ouvia Cego Aderaldo: Robert Johnson, Muddy Waters, John Lee
Hooker tiveram que esperar a rabeca terminar o ronco no meu sertão.
Esses músicos igualmente ótimos, a gente conhece depois, quando se sai
dos bairros periféricos, vai-se morar num apartamentozinho melhor e
passa-se no vestibular. Por um tempo sentia-se vergonha de
gostar de baião, cantar “Detalhes” pra amada amante, e de ouvido
pegava-se carona no radinho da empregada dizendo pro garçon que “no bar
todo mundo é igual”... Eu nunca dei a mínima pra isso, nunca me
importei com o que achavam ou perdiam. Assumia meus erros, pecados e
vícios.
Uma vez um amigo, nos final dos anos 70, apertou o play do
meu toca-fitas CCE e ao ouvir o Rei cantando “Cavalgada” passou o resto
da tarde curtindo com a minha cara. Mandei-o embora cantar “Amor de
índio”, do Beto Guedes, que ele achava o máximo – e eu também.
Luiz
"Lua" Gonzaga sempre foi ídolo a altura de todos outros que hoje são
"cult”. A primeira vez que assisti a um show do Gonzagão me emocionei
tanto quanto ao ver e ouvir B. B. King. Entre o Rio São Francisco e o Rio
Mississipi a distância é a mesma em que navega meu coração.
A benção, seu Luiz!
4 comentários:
Nirton Querido...
Sabes bem o valor das sinfonias...quando literárias colam em mim, como as que vc escreve aqui. Rememoro agora as histórias musicais, além do baião que também adoro !
beijos dourados
Estou triste por nã estar em Fortaleza hoje. Todo ano o Eurídes, pai do Valdonis, o sanfoneiro, faz uma festa na praça da igreja redonda. Dominguinhos é sempre uma presença garantida, entre uma legião de grandes sanfoneiros que vão lás prestigiar a memória do nosso saudoso Rei do Baião.
A benção seu Nirton!
Vencer o preconceito do resto do país contra o que tem de mais nosso, a alma nordestina, não deve ter sido tão difícil quanto vencer o pré-conceito das elites nordestinas contra a própria alma que nos povoa. O que asso...mbrava as nosas elites era essa nossa diferença, que as tornava distante dos rítmos estrnageiros que assolavam o Brasil pós guerra, como o Bolero e outros. O Baião se impôs, arrastando o xote, a toada e o xaxado que estavam esmorecidos...
Esse é um post sobre educação munsical brasileira.
Salve, seu Lua!
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