reprodução Arquivo Pessoal
Hoje é dia de Santa Luzia. A
imagem dessa Santa é uma das mais fortes lembranças da minha infância,
em Crateús, interior do Ceará, onde nasci e fui criado.
Minha tia era
devota e na parede do quarto onde eu dormia, era a primeira imagem que
via ao acordar: batia um facho de luz que vinha
de alguma telha quebrada. Nada mais sintomático: a jovem santa
siciliana é protetora dos olhos, da visão, da luz.
A minha impressão
era que a Santa me abençoava a manhã, com a oferenda do par de olhos na
bandeja.
Casa desfeita, parentes idos, herdei esse quadro e a
saudade. Coloquei-o na cenografia dos meus dois primeiros
curtas-metragens. Afinal, cinema precisa de luz.
5 comentários:
nirton, também me sinto muito inspirado pelas imagens dessas santas que povoam a nossa infância de garoto do interior.
mamãe gosta da santa CLARA.
Motivados por uma fé inabalável é que estes icones resistem ao tempo e a propria vida.
que linda, Nirton, esta sua descrição da infância , cheguei a visitar sua casa...tb tenho nesta santa lembrança de pessoa querida que já foi para o andar de cima, uma tia Yedda que gostava de pingar nos nossos olhos o colírio de Santa Luzia...eu não precisava de colírio, enxergava a vida sem manchas, sem nada que me impedisse de acreditar e seguir em frente, como gostaria de enxergar agora.
Também a Santa que embalou minha infância. Tantas vezes adormeci encolhidinha naquele prato que vê... Não me curou as vistas - ainda as tenho defeituosas - mas me ensinou a enxergar além dos horizontes! Na partilha, os herdeiros negaram-me o quadro. Que me importa? Tenho-o em lugar de honra na parede das minhas melhores recordações.
A santa lá de casa era N. Senhora das dores. Tinha novena e proci~são que nós crianças acompanhavámos sem saber prá onde nem porquê. mulheres de meia e adiantada idade cantavam como se tivessem ensaiado num coral...era interessante, sobretudo quando acabava e a gente podia ir prá casa assistir, Bonaza...
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