A relatividade do tempo. É começo da tarde do último dia de 2024 quando redijo esta postagem e no Japão, Hong Kong, Tailândia, Nova Zelandia, Austrália e outros países do lado emborcado de nós, os fogos já saúdam o Ano Novo.
O tempo é essa abstração do Agora que molda o rosto para amanhã e apaga os passos de ontem.
No tempo tudo cabe
tudo muda de lugar
tudo some
não ficam parados no espaço
o gosto das frutas
e o cheiro dos homens.
O tempo dispensa a vontade alheia
impõe-se sobre a selva e a cidade
e destas nascem as folhas e os filhos
que o próprio tempo amadurece e faz saudade.
O tempo – enorme! – eleva os deuses
arrasta os homens
e espalha o mistério de uns
sobre a solidão dos outros.
De muito longe
o tempo caminha
não como um velho
tão pouco uma criança:
unicamente caminha
- e sugere a esperança
e adormece as rugas.
O tempo não é o mesmo
sobre os aviões e os pássaros:
nas asas de um
é tudo muito rápido
nas asas do outro
é tudo muito livre.
(Do meu livro Poesia provisória, Editora Radiadora, 2019)
Acima, o tempo rei na beleza de Gilberto Gil, nosso Buda Nagô.
Em 2025 pessoas até muito mais vão lhe amar.
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