Foto: Lani Góes
“um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto”
com Paulo Leminski
que numa tarde de 1988, no chão da sala com Alice Ruiz, juntou este com outros poemas avulsos para o livro La vie em close.
Mas subscreveu que
“não discuto
com o destino
o que pintar
eu assino”
e partiu um ano depois, que nem era como
“antigamente” quando “Morria-se praticamente de tudo.”
O poeta se foi aos 44, “com a intensidade da arte”, e os poemas da vida de perto publicados em 1991, afinal,
“Se tudo existe
para acabar num livro,
se tudo enigma
a alma de quem ama!”.
Leminski,
com “saudade do futuro que não houve”,
escriturou que
“quando eu tiver setenta anos
então vai acabar esta adolescência
vou largar da vida louca
e terminar minha livre-docência"
não imaginaria que neste sábado do oitavo mês do ano que soma 8 faria 80 anos de adolescência tardia.
Mas nunca se vai saber
“o que vem depois de sábado
quem sabe um século
muito mais lindo e mais sábio
quem sabe apenas
mais um domingo”
quem sabe mais 80 aos para aparecer outro Leminski.
Um bom poeta leva anos.
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