Fotos: Arquivo Nirton Venancio
Na sequência da primeira foto acima, Ronald de Carvalho (baixo), Milton Rodrigues, o Mocó (bateria), Lucio Ricardo (voz), Siegbert Franklin (guitarra) Nélio (guitarra): eles formavam o Perfume Azul, a seminal banda de rock de Fortaleza. Som, pauleira, ousadia, nos anos nada dourados, 1976 e 1977.
Não gravaram LP, não registraram shows, mas estão cristalizados na lembrança de muitos que, como eu, não perdia uma apresentação.
A cantora, compositora e jornalista Mona Gadelha, que é igualmente importante desse período, hoje e sempre na história da música cearense, escreveu O Perfume Azul, artífice da ruptura: transgressão na cena rock de Fortaleza nos anos 70, dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará, requisito à obtenção do título de Mestre, em 2018.
Pelo valor da pesquisa, registro e conhecimento de todos, o trabalho será lançado hoje, em livro, no Centro Cultural Banco do Nordeste, em Fortaleza, às 19h, com uma conversa com a autora, o jornalista Marcos Sampaio e a fotógrafa Lila Almeida. E num arremate ilustrativo da beleza do que foi contado, um pocket show com Lúcio Ricardo, Mona, o guitarrista Mimi Rocha e o baixista Edmundo Vitoriano Jr. Editado pela Fundação Waldemar Alcântara, a publicação faz parte da Coleção Estante Ceará.
Não à toa, este 13 de julho tem tudo a ver com o tema do lançamento, quando se comemora o Dia Mundial do Rock, data escolhida em referência ao histórico evento Live Aid, em 1985, criado por Bob Geldof, ex-vocalista da banda Boomtown Rats, que teve como objetivo chamar a atenção para a miséria no continente africano, a partir da Etiópia. O acontecimeto reuniu nomes famosos não somente do rock, também do blues e figuras emblemáticas da contestação política nos anos 60, como Joan Baez.
A pesquisa de Mona Gadelha, guiada pela arqueologia do coração, e também pelo olhar lúcido e crítico, analisa e reflete o conceito do rock como música e comportamento marcantes, a partir das ruas da aldeia, batendo na porta para aperrear os bons costumes do lugar – aqui parafraseando trecho de Terral, de Ednardo.
Mona e Perfume Azul é o encontro orgânico no mesmo chão da alegria, nas tramas que o universo propicia. Tanto ela quanto o cantor Lúcio Ricardo são expressões modernistas na música, na escrita, nas posições políticas, feministas, na reinvenção dos costumes, na costumização da ousadia, na diversidade de pensamento e gênero, nesse gesto antropofágico de resistência na via contrária da caretice institucionalizada.
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