domingo, 19 de fevereiro de 2023

um gladiador no cerrado


foto Henry Ballot / Arquivo Público do DF

O cidadão na foto acima (de terno e chapéu de couro!), entre serpentinas e confetes, é Issur Danielovitch Demsky, mais conhecido como Kirk Douglas. O cenário: salão do então majestoso Hotel Nacional de Brasília. A data: 23 de fevereiro de 1963, um sábado de carnaval. No ano anterior a cidade recebeu no mesmo mês a atriz Rita Hayworth, que participou de um baile no Teatro Nacional, e sem muito se entrosar com aquele tipo de festa, ficou sentadinha e muito elegante ao lado do então primeiro-ministro Tancredo Neves.
Kirk Douglas, naquele ano pré-golpe, acompanhado da sua segunda mulher, Anne Boydens, estava na cidade do Rio de Janeiro, convidado para o carnaval carioca. Mas pegou um voo no Convair da Cruzeiro do Sul para conhecer a nova capital país. Brasília era um enorme canteiro de obras, muitos esqueletos de edifícios, uma vastidão sem fim de esperança.
Os candangos se animavam como podiam naqueles quatro dias de samba, suor e poeira vermelha. O pessoal que pegava no pesado e os moradores das asas Sul e Norte iam para plataforma superior da Estação Rodoviária, onde aconteciam os desfiles das duas únicas escolas de samba, a Alvorada em Ritmos e a da cidade-satélite Candangolândia.
O ator de Spartacus não assistiu a nenhum desses desfiles. No vigor dos seus 53 anos e pique de gladiador, no dia seguinte ao baile no hotel, deu um passeio pela cidade, andou de lancha, pescou no artificial Lago Paranoá e se mandou de volta para o resto de domingo de carnaval no Rio. 

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