Foto: Fernando Gomes / Agência O Globo, 1995
"E tem o seguinte, meus senhores: não vamos enlouquecer, nem nos matar, nem desistir. Pelo contrário: vamos ficar ótimos e incomodar bastante ainda."
- Trecho de uma carta de Caio Fernando Abreu a sua amiga Jacqueline Cantore, em 1° de novembro de 1981.
O escritor gaúcho foi um missivista compulsivo. De sua Olivetti Lettera 44, datilografou uma infinidade de cartas, com forte essência poética, dos mais variados e cotidianos assuntos, de fatos comezinhos a reflexões existenciais e filosóficas. Escritores, atores, cantores, amigos, eram os destinatários.
O poeta, curador literário e professor da UFRJ Ítalo Morriconi, numa pesquisa minuciosa, reuniu dezenas dessas cartas e juntamente com escritos de cartões postais, bilhetes, publicou em livro, Caio Fernando Abreu: Cartas (Editora Aeroplano, 2002), com mais de 500 páginas, o que nos dá com a narrativa fragmentada uma espécie de um romance de vida, de fôlego combativo e resistente.
27 anos hoje que ele faleceu, aos 47. Caio Fernando Abreu viveu em período brabo de ditadura militar, foi um dos primeiros a escrever abertamente sobre sexo numa visão dramática, e assumiu sem rodeios sua homossexualidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário