sábado, 17 de dezembro de 2022

sodade, sodade


 “Hoje vi, aqui no Porto, um filme muito bonito, um documentário sobre a cantora cabo-verdiana Cesária Évora. Lembrei-me de você que achou a voz dela bela e triste. Algo extraordinário.”

Há pouco mais de um mês recebi esta mensagem do cineasta e escritor Rosemberg Cariry. O filme que ele assistiu e lembrou de mim tem o título da cantora, de quem mais do que fã, sou devoto.
Estreia na direção da cineasta portuguesa Ana Sofia Fonseca, também escritora e jornalista, o documentário usa apenas imagens de arquivo inéditas para contar uma história de luta e sucesso da artista que saiu da pobreza para os palcos dos mais renomados teatros. Com sua voz grave e suave colocou definitivamente seu país no mapa musical do mundo.
Cesária Évora faleceu na manhã de 17 de dezembro de 2011, um sábado como hoje, distante no calendário, tão perto na saudade. Ela estava hospitalizada em Mindelo, sua cidade natal na ilha de São Vicente. Tinha passado por uma cirurgia cardíaca um ano antes, e aos 70 não resistiu à insuficiência cardiorrespiratória aguda. "Não tenho forças, não tenho energia. Gostaria que dissessem aos meus admiradores: sinto muito, mas agora preciso descansar”, disse em entrevista ao jornal francês Le Monde ao anunciar o fim de sua carreira, no dia 23 de outubro.
11 anos sem o canto perfumado da diva dos pés descalços, como era chamada pelo hábito de pisar os palcos do jeito que palmilhava os chãos a caminho de São Tomé, como diz a letra de uma de suas canções mais conhecidas, a belamente dolente Sodade” (vídeo acima, apresentação no Teatro Le Grand Rex, Paris, abril de 2004).
E sobre a lembrança do amigo Rosemberg, tornamo-nos eternos no coração de quem nos quer bem. Assim como Cesária Évora.

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