Foto Paul Ronald
“Acredito em Jesus: que ele não é apenas o maior personagem da humanidade, mas que continua a sobreviver no ser que se sacrifica por seu próximo. Sou ignorante a respeito dos dogmas católicos. Talvez seja herético. Meu cristianismo é bruto. Não pratico os sacramentos, mas penso que a prece poderia ser considerada como uma ginástica que nos levaria cada vez mais perto do sobrenatural.”
Abaixo, Marcello Mastroianni em uma cena de Oito e meio (8½), 1963. O ator interpreta um diretor de cinema em crise, Guido Alsemi, sem inspiração para o próximo filme, pressionado pelo produtor, esposa, amigos e quem olhar para ele.
Misturando ficção com realidade, passado com presente, o que foi com o que poderia ter sido, Fellini usa o exercício de metalinguagem para contar o que ele mesmo estava passando naquele momento, depois de ter dirigido apenas um episódio no longa Boccaccio 70, após a pulsação criativa de La dolce vita, de 1960. Alsemi é alter ego de Fellini.
Na cena o cineasta-personagem, como Noel vindo de uma atmosfera onírica típica de seus filmes, chega a sua casa trazendo presentes e pingos de neve sobre a roupa. Em seu “cristianismo bruto”, o simbolismo é uma prece que o leva cada vez mais perto do Jesus que acredita.
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