foto Marcelo Hallit
Dos tantos que me preferem calado
poucos deles falam em meu favor
a maior parte adere ao coro irado
já para os que me querem mais ativo
mais solidário com o sofrer do pobre
espero que minha alma seja nobre
o suficiente enquanto eu estiver vivo
- Trecho de Ok, ok, ok, canção de Gilberto Gil, que abre o disco homônimo de composições inéditas.
Lançado em 2018, o álbum que tem faixas em parcerias com seu filho Bem Gil e o amigo Jorge Bastos Moreno, falecido um ano antes, traz nas letras o que o autor chama de “papo reto” sobre a vil situação que o país vivia naquela data, as consequências do impeachment da presidenta Dilma Rousseff, a nuvem sombria que ameaçava e o que veio a acontecer com a eleição do verme: concretização da pessoa nefasta, que tem a aura da besta, uma alma bissexta, uma cara de cão.
Ontem, acompanhando a Copa no Catar, o cantor e sua esposa Flora Gil foram covardemente insultados, agredidos pela corja delirante de fascistoides, pelo coro irado de usurpadores das cores verde e amarelo. Gente estúpida, gente hipócrita.
Do alto dos seus 80 anos, a simplicidade e elegância de Gil foram a reação desse grande artista e cidadão brasileiro, nosso Buda Nagô. De toda Bahia, de todo Brasil lindo e trigueiro, de todos nós mulatos inzoneiros, a moça da favela, todo mundo da Portela, que à merencória luz da Lua sabemos cantar canções de amor, alargamos nossos corações naquele abraço de solidariedade.
Em breve será extirpada a besta-fera do Cerrado e botaremos o Rei Congo no Congado.
Um comentário:
Simplesmente Divino. Amei! Só desejaria que o Gil lesse essas suas palavras.
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