domingo, 25 de janeiro de 2015
maestro soberano
"Meu maestro soberano / foi Antonio Brasileiro..."
Há 88 anos ele nasceu... sobrou uma toada, cobrindo de redondilhas a música brasileira.
Vinicius de Moraes e Tom Jobim, no Catetinho, primeira residencial oficial do presidente Juscelino Kubitschek, 1960. Da parceria compuseram Brasília - Sinfonia da Alvorada, que celebrava a nova capital.
Chico Buarque, Tom Jobim e Vinícius de Moraes, deitados sobre uma mesa nos fundos de uma churrascaria no Rio de Janeiro.
A foto é do grande Evandro Teixeira, no aniversário de Vinicius, em 1979.
A partir de uma foto de 1961, a escultora Christina Motta criou a estátua de Tom Jobim, feita de bronze e argila, em tamanho real.
A escultura foi inaugurada ano passado, e está fixada em uma calçada ao longo do Arpoador, uma das pontas da praia de Ipanema, lugar favorito de surfistas, pescadores e transeuntes que param para ver o espetáculo diário do pôr do sol por trás da favela do Vidigal.
Em 1999, uma lei federal alterou a denominação do aeroporto do Rio de Janeiro em homenagem Tom Jobim, falecido em 1994.
"No princípio era o ermo..."
Vinicius de Moraes e Tom Jobim, no Catetinho, primeira residencial oficial do presidente Juscelino Kubitschek, 1960. Da parceria compuseram Brasília - Sinfonia da Alvorada, que celebrava a nova capital.
"O amor se deixa surpreender..."
Chico Buarque, Tom Jobim e Vinícius de Moraes, deitados sobre uma mesa nos fundos de uma churrascaria no Rio de Janeiro.
A foto é do grande Evandro Teixeira, no aniversário de Vinicius, em 1979.
É ele que passa, a caminho do mar...
A partir de uma foto de 1961, a escultora Christina Motta criou a estátua de Tom Jobim, feita de bronze e argila, em tamanho real.
A escultura foi inaugurada ano passado, e está fixada em uma calçada ao longo do Arpoador, uma das pontas da praia de Ipanema, lugar favorito de surfistas, pescadores e transeuntes que param para ver o espetáculo diário do pôr do sol por trás da favela do Vidigal.
"dentro de mais um minuto estaremos no Galeão..."
Em 1999, uma lei federal alterou a denominação do aeroporto do Rio de Janeiro em homenagem Tom Jobim, falecido em 1994.
sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
Dalí atômico
Em 1941, o fotógrafo americano Philippe Halsman conheceu Salvador
Dalí em Nova York e passou a acompanhá-lo, fotografando-o no atelier
enquanto trabalhava, e realizando outras imagens, devidamente montadas,
bem dentro do clima surrealista do pintor.
Essa curiosa foto é de
1948, intitulada Dalí Atomicus, inspirada no quadro Leda Atomica,
que se vê à direita no cavalete. Na armação da cena, à esquerda, a mão
de um assistente segurando a cadeira suspensa, e do outro lado fios erguendo os dois cavaletes.
Halsman, soube-se depois, fez quase trinta tentativas até ficar
satisfeito. A foto foi publicada na revista LIFE, mas devidamente
retocada num "photoshop analógico", sumindo as mãos e os fios.
Hoje completam 26 anos de sua morte.
Hoje completam 26 anos de sua morte.
quarta-feira, 21 de janeiro de 2015
de volta ao futuro
O escritor inglês George Orwell, nascido na Índia, faleceu com
apenas 46 anos, de tuberculose, em 21 de janeiro de 1950. Foi poupado de assistir pelo
telão a vulgarização que fizeram com o personagem mais significativo da
sua literatura, Big Brother, o Grande Irmão, ser fictício do clássico e
distópico romance “1984”, que retrata o cotidiano de um regime
político totalitário e repressivo.
Publicado em 1949, a certa altura, lê-se que “Big Brother is watching yo”,
algo como "o Grande Irmão está te observando", o que conota a
vigilância invasiva frequente de uma sociedade oligárquica coletivista. O
livro é assustador. Lembro-me que, adolescente, li numa tacada só, e
por vezes fechava, respirava um pouco na janela, e voltava às páginas.
Orwell mais do que um futurista, foi um vaticinador. O mundo em que
vivemos é exatamente o que está no romance, ou pior, por ser dissimulado, a antítese da utopia,
onde a tecnologia é usada como ferramenta de controle, usada pelo
Estado, instituições e corporações.
Um programa de televisão de extrema imbecilidade como BBB, é a metalinguagem caricatural desse poder midiático, que transforma espectadores em néscios operantes para o nada, dopados e incapazes da reflexão e discernimento para tudo. Orwell não imaginaria que sua teoria de um futuro avassalador chegasse a tanto.
Um programa de televisão de extrema imbecilidade como BBB, é a metalinguagem caricatural desse poder midiático, que transforma espectadores em néscios operantes para o nada, dopados e incapazes da reflexão e discernimento para tudo. Orwell não imaginaria que sua teoria de um futuro avassalador chegasse a tanto.
a trilha de um gênio
Em 1997, quando eu rodava meu terceiro filme, o curta "O último dia de
sol", o convidei para compor a trilha sonora. As filmagens, no maciço de
Baturité, Ceará. Eugênio, no cerrado de Brasília, onde moramos.
Mandei-lhe o roteiro, conversamos por telefone sobre o filme, como eu
imaginava a trilha, etc etc etc. Claro, na fase de montagem,
ele veria as imagens, conversaríamos mais, apresentaria propostas,
trocaríamos ideias, etc etc etc. Pelo menos, esse é o processo.
E eis que antes mesmo de começar a filmar, Eugenio me manda um cd com
uma composição que fez, inspirada no roteiro que leu e no nosso bate
papo telefônico. Surpreso com a rapidez, ouvi de imediato a música e as
variações sobre o tema.
Era exatamente o que eu queria! Mas eu imaginei que isso se daria lá na frente, na mesa de edição, passando o copião pro Eugênio ver. Esse fato me animou tanto que várias ia ao set com o fone de ouvido antes de dirigir as cenas.
Hoje, esse grande compositor lança seu livro "A Arte de Compor Música Para o Cinema", na Livraria Cultura, em Fortaleza. A obra é resultado de sua experiência na criação de trilhas para vários filmes e no trabalho de pós-graduação na UCLA Extension e mestrado em Composição Para Filmes pela UniCamp.
Eugênio, que é professor na Escola de Música de Brasília, foi integrante da Banda Officina, referência da música instrumental no Ceará na década de 80, tendo no grupo os hoje consagrados Cristiano Pinho, Roberto Stepheson,Pantico Rocha, Nélio Costa e Ocelo Mendonça.
Essa turma de talentosos serão entrevistados para o documentário que realizo,Pessoal do Ceará - Lado A Lado B.
Era exatamente o que eu queria! Mas eu imaginei que isso se daria lá na frente, na mesa de edição, passando o copião pro Eugênio ver. Esse fato me animou tanto que várias ia ao set com o fone de ouvido antes de dirigir as cenas.
Hoje, esse grande compositor lança seu livro "A Arte de Compor Música Para o Cinema", na Livraria Cultura, em Fortaleza. A obra é resultado de sua experiência na criação de trilhas para vários filmes e no trabalho de pós-graduação na UCLA Extension e mestrado em Composição Para Filmes pela UniCamp.
Eugênio, que é professor na Escola de Música de Brasília, foi integrante da Banda Officina, referência da música instrumental no Ceará na década de 80, tendo no grupo os hoje consagrados Cristiano Pinho, Roberto Stepheson,Pantico Rocha, Nélio Costa e Ocelo Mendonça.
Essa turma de talentosos serão entrevistados para o documentário que realizo,Pessoal do Ceará - Lado A Lado B.
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terça-feira, 20 de janeiro de 2015
caminhando e encantando
Gustavo Portela é um dos artistas mais originais que conheço. A sua música, a sua
confecção de ritmos e melodias é de uma universalidade própria de quem
sabe com beleza e profundidade a profundidade e a beleza de sua aldeia,
para lembrar aqui a máxima de Lev Tolstoi. Aliás, mais do que sabe,
sente. Sentir vale mais porque leva ao saber. Sentir vem do coração e
segue o caminho do raciocínio, sem o sangue errar de veia e se perder.
Originalidade.
O disco Le son
sur scène, de 2013, tem o todo, o tudo, a soma da música
nordestina-brasileira às canções de um mundo ethnos-sincrético. Os
arranjos das composições que partem de uma certa uniformidade cultural,
partilham das mesmas tradições, conhecimentos, técnicas, habilidades,
língua e comportamento das criações do músico e compositor sérvio-bósnio Goran Bregovic, por exemplo. E não à toa, e sim, atento, Goran faz trilhas pros filmes
de Emir Kusturica, assim como Portela, também cineasta e editor, faz
cinema em sua música e vice-versa nesses reversos dos sentidos.
A música de Gustavo Portela remete a lugares e tempos. O circo solar de
lona perfurada pelas estrelas, com sua trupe mambembe e humana, vai de
Itapipoca da banda Dona Zefinha,
dos sertões mais esquecidos, aos prados mais diversificados das canções
francesas, dos nômades das fronteiras bizantinas sérvias, da
miscigenação de elementos africanos.
Barlavento, seu novo disco, gravado nos outubros passados, tem pré-lançamento hoje no Teatro Sesc Iracema de Fortaleza, com show, perfomances, fotos e bate-papo, como um teaser do que virá depois que o carnaval passar. É um trabalho distinto, sem nenhuma faixa e essência ser diferente do que é a música de Gustavo Portela. É o passo de uma caminhada. É a estrada se fazendo com suas descobertas, com suas gentes, com seus índios e suas lágrimas etimológicas dos mondubins e marapongas, com seu foguete blue de George Méliès, em viagem à lua pelo menino que foi feito oferenda à Iemanjá nas águas fundas do Mucuripe. Portela faz num lamento o sertão virar mar. Um lamento sertanejo.
Gustavo em Barlavento é um disco de reencontros na caminhada. O velho bar Estoril da Praia de Iracema redivivo em um desenho na capa, garimpado nos tesouros arqueológicos afetivos do cantor e compositor Calé Alencar. Um desenho que vibra beleza em seus traços simples. Um desenho com a assinatura do ator Chico Alves, um dos maiores artistas que o teatro já teve e continua tendo com o pulso que ainda pulsa em nossa memória.
O clipe da faixa “Paratodos”, filmado em Fortaleza e Cabo Verde, tem um clima dos dois sertões, a cegueira da solidão do cinema de Abbas Kiorastami em “Gosto de cereja” (Ta'm e guilass), 1997.
A beleza tem essa mania de conectar a beleza.Não creio em coincidências. O Universo articula suas tramas, nós é que somos distraídos.
Gustavo Portela está no documentário que realizo, Pessoal do Ceará - Lado A Lado B.
Barlavento, seu novo disco, gravado nos outubros passados, tem pré-lançamento hoje no Teatro Sesc Iracema de Fortaleza, com show, perfomances, fotos e bate-papo, como um teaser do que virá depois que o carnaval passar. É um trabalho distinto, sem nenhuma faixa e essência ser diferente do que é a música de Gustavo Portela. É o passo de uma caminhada. É a estrada se fazendo com suas descobertas, com suas gentes, com seus índios e suas lágrimas etimológicas dos mondubins e marapongas, com seu foguete blue de George Méliès, em viagem à lua pelo menino que foi feito oferenda à Iemanjá nas águas fundas do Mucuripe. Portela faz num lamento o sertão virar mar. Um lamento sertanejo.
Gustavo em Barlavento é um disco de reencontros na caminhada. O velho bar Estoril da Praia de Iracema redivivo em um desenho na capa, garimpado nos tesouros arqueológicos afetivos do cantor e compositor Calé Alencar. Um desenho que vibra beleza em seus traços simples. Um desenho com a assinatura do ator Chico Alves, um dos maiores artistas que o teatro já teve e continua tendo com o pulso que ainda pulsa em nossa memória.
O clipe da faixa “Paratodos”, filmado em Fortaleza e Cabo Verde, tem um clima dos dois sertões, a cegueira da solidão do cinema de Abbas Kiorastami em “Gosto de cereja” (Ta'm e guilass), 1997.
A beleza tem essa mania de conectar a beleza.Não creio em coincidências. O Universo articula suas tramas, nós é que somos distraídos.
Gustavo Portela está no documentário que realizo, Pessoal do Ceará - Lado A Lado B.
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sábado, 3 de janeiro de 2015
viagem ao Cinema
Um casal de idosos resolve ir a Tóquio visitar os filhos. A viagem não
foi em um momento oportuno, nem nunca será: os filhos, absorvidos pelo
trabalho, não dão a atenção devida aos pais, nem sequer se sensibilizam
que vieram de tão longe para vê-los.
Há um sentimento de
indiferença e ingratidão, de um lado. E de resignação, do outro: os
velhos retornam à sua casa e seu passado com a nobreza da compreensão.
Esse é o resumo de um dos maiores filmes da história do Cinema, "Viagem
à Tóquio", também intitulado "Era uma vez em Tóquio", originalmente,
"Tôkyô monogatari", de Yasujiro Ozu, meu mestre.
Produção japonesa de 1953, o filme desmonta as relações familiares, mas com muita serenidade e sutileza, como deve ser para o entendimento e a reflexão de todos nós, seres imperfeitos metidos a sabidos. Realizado no pós-guerra, Ozu estabelece uma estrutura narrativa neo-realista, confrontando o velho e o novo Japão, muito bem definido no envelhecimento e na modernidade, nos filhos e nos pais, nas cidades e nos costumes, no efêmero que somos, no eterno que pretendemos.
Minimalista, o cineasta do cotidiano, dos laços e desenlaces familiares, disseca sentimentos que mexem com todos. Criador dos planos com tripé baixo, sua câmera-tatame está sempre na altura dos corações dos personagens, dos que partem e dos que voltam para casa.
O filme está em cartaz somente hoje, em única sessão hoje, às 17h, no Cinema Dragão do Mar, em Fortaleza, dentro da Mostra Expectativa/Retrospectiva.
Produção japonesa de 1953, o filme desmonta as relações familiares, mas com muita serenidade e sutileza, como deve ser para o entendimento e a reflexão de todos nós, seres imperfeitos metidos a sabidos. Realizado no pós-guerra, Ozu estabelece uma estrutura narrativa neo-realista, confrontando o velho e o novo Japão, muito bem definido no envelhecimento e na modernidade, nos filhos e nos pais, nas cidades e nos costumes, no efêmero que somos, no eterno que pretendemos.
Minimalista, o cineasta do cotidiano, dos laços e desenlaces familiares, disseca sentimentos que mexem com todos. Criador dos planos com tripé baixo, sua câmera-tatame está sempre na altura dos corações dos personagens, dos que partem e dos que voltam para casa.
O filme está em cartaz somente hoje, em única sessão hoje, às 17h, no Cinema Dragão do Mar, em Fortaleza, dentro da Mostra Expectativa/Retrospectiva.
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